Dentre os 437 pacientes internados em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para Covid em Minas Gerais, 80% não estão vacinados ou têm somente a primeira dose do imunizante. Os dados, divulgados nessa quarta (19) pela SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais), revelam que 324 pacientes não se vacinaram e outros 26 tomaram só a primeira dose.
O padrão se repete entre aqueles que estão internados em leitos de enfermaria: 85% são não vacinados ou com imunização incompleta. Dos 1.799 pacientes, 1.426 não haviam se vacinado. Outros 255 estavam com a segunda dose atrasada.
Para o infectologista Leandro Curi, este é mais um indicativo da capacidade de proteção da vacina. “Essa é uma tendência em todos os países e estados. Além de diminuir os casos graves da Covid, a vacina também tem a função de diminuir a taxa de transmissão. Uma população mais imunizada transmite menos”, acrescenta.
Imunidade de quem já pegou Covid
Muitas pessoas que já se infectaram com a Covid têm a percepção de que possuem imunidade contra a doença. No entanto, essa é uma visão incorreta, que pode acarretar em negligência. “A imunidade de rebanho para Covid-19 é um mito que ficou em 2020 e não foi para frente. Pela virulência e alta taxa de transmissão, o vírus expande mais rápido do que a gente consegue criar imunidade”, afirma Leandro Curi.
Segundo ele, a imunidade para quem pega a doença dura, em média, três meses. Em contraste com a vacina, que dura aproximadamente seis meses. “Aquele mito de querer pegar Covid logo ‘para ficar livre’, não justifica. Vai contaminar e ainda vai transmitir para um grande número de pessoas”, avalia.
No entanto, a vacina também não garante a proteção por tempo indeterminado e, por isso, as doses de reforço são importantes. “Depois de seis meses, a taxa de anticorpos cai de modo importante. Então, a gente está aprendendo com a Covid e suas variantes que uma ou duas doses não estão segurando muito bem. Não me impressionaria se, daqui a alguns semestres ou meses, tiver que ter quarta ou quinta dose”, opina o infectologista.
A variante ômicron
Só nas últimas 24 horas, foram 25.939 casos confirmados de Covid-19, em Minas Gerais, de acordo com o boletim da SES-MG. Também foram registrados 29 óbitos pela doença. Há um mês atrás, em 21 de dezembro, eram somente 423 casos confirmados em 24 horas, sem nenhum óbito registrado.
Segundo Leandro Curi, o aumento de casos tem relação com a maior transmissibilidade da variante ômicron da Covid-19. “A ômicron tem um poder maior de desviar da proteção da vacina. Ela faz isso de modo mais forte do que as outras variantes. Mas quem piora é quem tem o sistema imune pego de surpresa, sem a vacina. Um organismo já avisado, sofreria menos”, reforça.
“A pandemia está ativa ainda. Infelizmente não ficou em 2020, nem em 2021. Estamos com um número absurdo de casos. É uma variante que pode ser menos mortal, mas ela está em alta taxa. Está problemático pelo numero de infecções. Por isso não sou favorável a liberar balada sem máscara, jogo de futebol sem passaporte vacinal, por exemplo. Sei que existem outros aspectos sociais, econômicos, mas do meu ponto de vista médico infectologista, não concordo”, conclui.
*Fonte: BHAZ