Integrantes da organização sacaram cerca de R$ 20 milhões em espécie com a escolta armada de um guarda civil municipal e sua esposa
A Polícia Federal indiciou 27 pessoas por organização criminosa, lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos, superfaturamento em fornecimento de medicamentos, fraude em licitação e uso de documento falso. Em relatório de mais de 200 páginas, a PF detalha a Operação Contágio, que apurou o desvio de recursos públicos da Saúde através de uma Organização Social (OS) contratada pelos municípios de Embu das Artes, Itapecerica da Serra, Hortolândia, São Vicente e Cajamar, todos em São Paulo. Os contratos superam R$ 300 milhões.
A investigação durou quase dois anos e ouviu mais de 40 pessoas. Segundo a polícia, a OS havia sido constituída com documentos fraudulentos, que permitiram que ela fosse contratada por diversos municípios. Os investigadores também identificaram que a organização social tinha como presidente um jovem veterinário de 28 anos, mas a entidade era, efetivamente, controlada por diversos médicos.
Investigações apontam que os integrantes da organização sacaram cerca de R$ 20 milhões em espécie com a escolta armada de um guarda civil municipal e sua esposa. Em um dos saques, acompanhado pela PF, foi possível observar que o guarda esperou dentro do veículo enquanto sua esposa entrou em uma agência bancária em São Roque (SP). Após o saque, a mulher se dirigiu a outro carro, que então foi seguido por seu marido.
Além disso, grande quantidade de valores foi transferida para outras empresas controladas pelo grupo. Inclusive, a investigação identificou que uma mega reforma na residência de um casal de médicos era paga com o dinheiro desviado. O imóvel está avaliado em mais R$ 5 milhões e havia sido adquirido em maio deste ano.
Estima-se que mais de R$ 40 milhões foram desviados destes contratos. As duas fases da operação foram deflagradas em abril e novembro deste ano, quando foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão.