Por P.A.Ferreira –
Neste momento em que novos casos positivos de contágio e mortes provocadas pela Covid-19 aumentam por toda parte, mais uma notícia falsa circula pelas redes sociais colocando em dúvida a eficácia da vacina e, mais do que isso, tentando influenciar as pessoas a não receberem a dose de reforço.
A “Fake News” da vez traz logo no título: “OMS E EMA DECLARAM: DOSES DE REFORÇOS PODEM DANIFICAR O SISTEMA IMUNOLÓGICO”, o que não é verdade. Mas, não satisfeitos com a inverdade, a falsa notícia avança e afirma que “a OMS atestou que a vacina é ineficaz contra a variante Ômicron e disse, ainda, que doses de reforço podem danificar o sistema imunológico”.
É imperativo que a sociedade tenha consciência de que o combate a esta pandemia se dá pela empatia, pela responsabilidade individual, pela vacinação e pelas medidas de higiene e distanciamento social, independente de haver uma determinação por decreto ou resolução do poder público, em que pese o fato de que, em alguns, talvez em muitos momentos, o representante maior acabe por dizer bobagens e inverdades, como o presidente Jair Bolsonaro ao dizer sobre as vacinas causarem uma reação semelhante à AIDS nas pessoas. É singular a observação de que, por mais absurda e falsa que a informação seja, ainda há pessoas que insistem em teses similares.
Mas, analisando a “fake news” sobre a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a EMA (Agência Europeia de Medicamentos), há pontos na notícia falsa que denotam de veracidade, mas se transformaram no suprassumo do momento para os negacionistas de plantão.
De acordo com alguns sites que rastreiam e desmentes essas desinformações, na realidade o que aconteceu foi a mistura de informações reais, porém, fora de foco e distorcendo os fatos. As notícias verdadeiras e que foram desvirtuadas estão em um artigo da Agência Ansa sobre o debate em relação a uma quarta dose, uma matéria do The New York Times sobre a quarta dose em Israel e uma do site Jerusalem Post.
Ao contrário do que a “fake news” tenta levar o leitor menos atento a acreditar, a OMS não falou que as vacinas podem danificar o sistema imunológico e que são ineficazes. Diferentemente disso, o texto da Ansa apresenta, logo de início, que as vacinas “têm um alto impacto na prevenção de infecção e transmissão, bem como na prevenção de doenças graves e morte, são necessárias e devem ser desenvolvidas”.
Assim, para não alongar mais sobre uma notícia falsa, vamos sintetizar quatro pontos:
1) As vacinas já protegem contra casos graves e mortes pela Covid-19. A OMS pediu que, antes de definir por uma quarta dose ou mais, as vacinas sejam atualizadas.
2) “Especialistas da OMS dizem que as vacinas danificam o sistema imunológico”. A pessoa que disse isso ao NY Times não é da OMS e, ainda por cima, não falou sobre “queda do sistema imunológico” no sentido entendido por alguns (como se fosse aids) e sim queda de proteção contra Covid-19, que já é sabido principalmente pelos pesquisadores.
3) Especialistas apontam que a melhor estratégia é dar a quarta dose para garantir um reforço na imunização em queda e teria alguma taxa de eficácia sobre a Ômicron. E, reforçando, a quarta dose não causa aids, queda de imunidade natural da pessoa ou transformaria você em jacaré, menino em menina ou causaria qualquer dano alardeado por negacionistas.
4) Não há qualquer sugestão de que não seja feita a terceira dose da vacina e, muito menos, de que haja uma infecção em massa da Ômicron – situação mais próxima da realidade brasileira.
Concluindo, a OMS não disse que doses extras prejudicam o sistema imunológico e apenas defendeu que as vacinas sejam atualizadas antes de uma quarta dose. A pessoa que falou sobre “imunização” não se referiu ao sistema como um todo e sim sobre a proteção contra Covid-19, que cai com o tempo e não é novidade. E, não menos importante, mas fundamental, afirmar que é melhor se infectar, a chamada imunidade de rebanho, do que se vacinar é a mais enorme falácia, tal qual a tese de que “vacinas são ineficazes”.