O ex-juiz citou a presidente da legenda dizendo que uma investigação na Câmara relembraria os “subornos investigados pela Lava Jato”
Do portal Metrópoles –
O ex-juiz Sergio Moro (Podemos) usou suas redes sociais para dizer que o fato de o PT não adotar a estratégia de apoiar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para apurar valores recebidos pela consultoria norte-americana Alvarez & Marsal, significa um recuo da legenda, que deverá lançar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Moro, o motivo desse recuo seria para não relembrar os subornos recebidos pelo partido das empresas investigadas pela operação Lava Jato, que ele comandou.
Veja:
A informação de não apostar na CPI foi confirmada pela presidente nacional petista, Gleisi Hoffmann, em entrevista ao site Uol.
Na entrevista, Gleisi disse não ver “necessidade” da criação da comissão para se chegar a essas informações.
Em 8 anos, a receita no setor de falências da companhia Alvarez & Marsal, que empregou Moro como consultor, foi de mais de R$ 83 milhões. Desse valor, 78% vieram de empresas que quebraram por causa da Lava Jato.
O caso está sendo apurado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e o PT pediu à Corte de contas, acesso a todos os dados da investigação
“Estamos fazendo estudos jurídicos. Como esses processos envolvem falências de empresas, precisamos saber se juridicamente a gente poderia instaurar CPI sobre isso”, disse Gleisi. “Esperamos que o TCU compartilhe conosco os documentos sobre o caso.”
Divergência
A posição de Gleisi diverge de outros integrantes do PT, como é o caso do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), que disse já ter começado a recolher assinaturas para que a Câmara dos Deputados instale a CPI com o objetivo de investigar suposto “conflito de interesses” na atuação de Moro junto à empresa, na qual foi trabalhar após romper com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e sair do governo.
A empresa norte-americana lista 23 empresas em processo de recuperação judicial ou falência. Dessas, ao menos 6 estiveram envolvidas na Lava Jato: Odebrecht/Atvos: R$ 33,2 milhões; Banco BVA: R$ 22,5 milhões; Grupo OAS: R$ 5,8 milhões; Queiroz Galvão: R$ 3,3 milhões; Enseada: R$ 172,5 mil e Agroserra: R$ 120 mil.