Movimento das polícias Militar, Civil e Penal e dos bombeiros militares colocou ontem na praça da Estação perto de 60 mil pessoas
Como esperado, o movimento das polícias Militar, Civil e Penal e dos bombeiros militares colocou ontem na praça da Estação perto de 60 mil pessoas, entre servidores e seus familiares, todos com o objetivo de engrossar o protesto pelo reconhecimento por parte do governo Zema da recomposição salarial. Depois de muita falação, a manifestação subiu a rua da Bahia até o BDMG, na esperança de que Romeu Zema descesse para dialogar com os líderes do movimento. Daí foi decidida a concentração na Cidade Administrativa, para onde foi parte dos manifestantes nos ônibus que trouxeram delegações do interior. Apoio da população não faltou ao movimento, desde seus familiares até as meninas que moram no hotel Itatiaia, várias inflamadíssimas, que apareceram nas janelas, em festivas cenas de topless.
Visão política sobre a situação
O governo brinca com fogo ao não se apresentar para dialogar e, nas ocasiões em que se manifestou, apresentou-se mal, sem disposição para negociar com os servidores. Observa-se no governador certo medo para fazer o enfrentamento da situação. E, no resto da cúpula de seu governo, nas poucas ocasiões nas quais conversou, ficou evidenciado o total despreparo para convencer os líderes do movimento sobre propostas que entende possíveis de cumprimento. Os líderes dos policiais perderam a confiança no governador Zema e em promessas a serem depois cumpridas. Faltou, segundo esses líderes, alguém capaz de avaliar a importância de um acordo. Agora, tudo ficará mais difícil; os policiais estão se sentindo desrespeitados e querem tudo. Nessas situações, sempre se sabe como elas começam e nunca onde e como poderão acabar. Exemplos não faltam, em Minas e em vários Estados da Federação. “A postura de Zema é de arrogância. E assim não chegaremos a lugar nenhum; sabemos da força que temos”, disse um dos líderes do movimento, o presidente da Aspra, sargento Marco Antônio Bahia.
Nota sobre bomba que feriu um jornalista durante a manifestação
Policiais Penais
Diferentemente do que se imaginava, os policiais penais, que são em número menor, são também os servidores que mais fortemente reivindicam direitos. Com base em planilhas nas quais está demonstrado o histórico descaso do atual governo e de outros passados com a categoria, eles têm dados que demarcam o desprestígio com que sempre foram tratados nas campanhas salariais. Ontem, José Lino Esteves, presidente do Sindasep-MG, sindicato que os representa, demonstrou a defasagem da remuneração que percebem, por meio de um bem-fundamentado trabalho que exemplifica as diferenças que os policiais penais suportam há mais de uma década em relação aos servidores das demais polícias. Além das questões que envolvem a remuneração, José Lino trouxe a público fotos e vídeos da comida servida aos presidiários e a eles, policiais, “muitas vezes impróprias para serem ingeridas por um ser humano”. O vídeo mostrava larvas na salada. Ele também disse que muitas vezes essa alimentação vem azeda, sugerindo sua má preparação e conservação. Triste; as quentinhas das penitenciárias têm muita história pra contar em Minas Gerais.
*Fonte: O Tempo