A sexóloga Daniela Fontinele explica quando é o momento certo e como inserir temas sobre sexo e sexualidade com os filhos
Do portal Metrópoles –
Falar sobre sexo e sexualidade pode ser tabu para algumas famílias. Mas não dá para negar que inserir o assunto no dia a dia se faz cada vez mais necessário. Inclusive, não é falar apenas sobre sexo e sim, educação sexual. “Nós não temos uma educação sobre o tema nas escolas e em casa não é muito debatido, então muita gente acaba descobrindo através de filmes pornôs e conversas com amigos”, alerta a sexóloga Daniela Fontinele.
Para a especialista, abordar o tema é importante, pois engloba uma enorme gama de assuntos como diversidade, consentimento, autoestima e principalmente, conscientizar sobre limites.
Recentemente, a cantora Kelly Key, 39 anos, que tem três filhos com idades de 5, 17 e 21 anos, declarou que fala abertamente sobre o tema em casa e que assuntos íntimos não são tratados como tabu. Mas quando é a melhor época para inserir o assunto nas conversas?
Introduzindo o assunto para crianças
A especialista explica que geralmente as dúvidas começam quando as crianças são inseridas em um mundo fora da família. A orientação neste caso é dar respostas sempre com a verdade porém de forma lúdica, sem dar detalhes:
“Por exemplo, se a criança questionar de onde veio, a resposta não deve ser sobre a cegonha. Mas também não é preciso explicar de fato como funciona o sexo. Conte sempre a verdade, dizendo que os pais namoraram e plantou uma sementinha na mamãe”, ensina, e reforça que é preciso usar uma linguagem que a criança vá entender.
Ainda, é possível introduzir o assunto com livros explicativos, voltados para a faixa etária de cada criança. E se por acaso durante a infância não aparecerem questionamentos sobre sexo, a época da puberdade é o melhor momento.
A puberdade
Antes da primeira menstruação chegar e quando o pênis começa a crescer, é a hora de realmente abordar o assunto: “Aproveite as mudanças do corpo que estão acontecendo para falar naturalmente sobre o assunto. Tem que falar como sexo acontece, como evitar gravidez, falar que existem IST’s e ainda reforçar que sexo é prazeroso”, explica.
A especialista ressalta que muitas pessoas, principalmente as mulheres, crescem sem informações sobre sexo, temendo engravidar ou ser difamada caso faça sexo, e ainda, desinformadas sobre infecções sexualmente transmissíveis. Por isso é importante inserir o assunto de forma clara e educativa.
Falar de sexo é educação
Por fim, quando se trata desse tema, muita gente se assusta e tem dúvidas sobre como dizer. Mas vale lembrar que quanto menos informações temos sobre um assunto, mais tabu ele se torna, menos falamos dele e mais desinformação é espalhada.
“É difícil para nós falarmos sobre isso pois nossa geração não teve essa conversa. Mas temos que passar informações importantes sobre sexo para as crianças”, aponta Dani.
Ela reforça que falar sobre sexo de forma educativa não é incentivar as crianças a fazerem algo. É sobre educação e respeito ao próprio corpo e ao outro.
Outro ponto importante é explicar desde a infância que existem os nomes corretos das partes do corpo: pênis, vulva e vagina. “Ainda que usemos apelidos como periquita ou pintinho, é imprescindível que a criança saiba o nome até mesmo para relatar caso sofra algum abuso”, alerta.