Mayara Rojas segue internada na Santa Casa aguardando vaga no João XXIII com quadro clínico é estável
A Prefeitura de Poços de Caldas, município do Sul de Minas Gerais, e o governo do Estado, acumulam multa de R$ 4.500,00 cada por força da liminar concedida pelo juiz Maurício Ferreira Cunha, na tarde da última quinta-feira (14), para que as autoridades promovam a transferência de Mayara Alves da Silva Rojas, 24 anos, vítima de queimaduras profundas, com celeridade para o Hospital “João XXIII”, em Belo Horizonte, ou outra unidade de referência para tratamento a queimados. A liminar impõe multa de R$ 500,00 por dia enquanto a paciente não for transferida para hospital de referência para queimados.
Mayara segue internada no Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas e, de acordo com a Assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal de Saúde, seu quadro clínico é estável.
Município e governo estadual buscam agilizar a transferência da paciente, contudo, a falta de vaga dificulta a transferência para o “João XXIII”.
Relembre
Mayara Alves da Silva Rojas, 24 anos, foi internada no último dia 02, na Santa Casa de Poços de Caldas, em estado grave, com queimaduras profundas na no tórax e na cabeça após uma briga com o namorado em um apartamento na Rua Pernambuco, Centro de Poços de Caldas. O namorado da vítima foi preso mas nega ter ateado fogo nela e disse que tentou socorrê-la, apagando as chamas antes da chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Uma vizinha relatou aos policiais militares (PM’s) ter ouvido o casal brigando e a vítima gritando socorro. Para a PM, o suspeito, de 32 anos, que é técnico em segurança, disse que tentou encerrar o relacionamento com a vítima e isso gerou a discussão entre eles. Segundo ele, ela teria dito que iria se matar, pouco depois ele ouviu a vítima, que estava em outro cômodo, gritando socorro, ao correr até ela se deparou com a mulher em chamas pelo corpo.
O suspeito acrescentou ter tentado de várias formas apagar as chamas e que colocou a vítima embaixo do chuveiro. Depois ligou para o Samu e ficou aguardando a chegada dos socorristas.
Razoabilidade
A reportagem do Alô Poços conversou com o promotor de Justiça, Dr. Glaucir Antunes Modesto, para entender como funciona a questão da liminar e imposição de multa para a transferência da vítima frente a ausência de vaga em hospital referência.
De acordo com o promotor, não tem como retirar um paciente que já está ocupando um leito para tratamento de queimaduras para colocar outro por força de determinação judicial. “Infelizmente, as pessoas querem ajudar e acabam atrapalhando. O que não pode acontecer, no meu modo de ver, é privilegiar um em relação a outro. O hospital tem prazer em acolher, ele existe para isso. Se ele não acolhe é porque não pode. Aonde vai por? Vai por no chão? Então, as pessoas têm que ser razoáveis. Eu imagino que o Estado e a Prefeitura estejam procurando outro lugar para realocação”, argumenta.
Dr. Glaucir explica que a multa diária é uma forma de agilizar o cumprimento da decisão. “A multa é forma de forçar fazer, depois vê se ela foi justa ou não, mas, se não tem leito, eu não vejo como. Não me parece um desrespeito intencional a uma decisão judicial”, destaca.
Inquérito
A reportagem do Alô Poços também buscou informações junto à Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) para saber como está o processo de investigação do caso e se o suspeito continuava preso. “A PCMG informa que detalhes dos trabalhos investigativos serão repassados à imprensa apenas com o avançar dos procedimentos, para não comprometer o andamento do feito. Informações sobre custodiados devem ser solicitadas à Sejusp”, informou.
Até a publicação dessa reportagem não foi possível obter informações da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG).