Representatividade da população LGBTQIA+ nas empresas mineiras é de 12%; apenas 10% ocupam cargos de liderança
Um estudo apontou que 61% dos profissionais LGBTQIA+ revelam a sua orientação sexual nos locais em que trabalham, em Minas Gerais. A média do estado é superior a nacional, em que 55% decidem contar aos colegas de trabalho. “Hoje eu fico feliz com os jovens que chegam e se assumem. Eu demorei mais de dez anos, por vários fatores”, revela o sargento da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) Demer Jackson Gabriel.
Para o profissional, assumir a orientação sexual quando começou a carreira na PMMG, em 1996, onde anos após o fim da Ditadura Militar, era um desafio. “Por várias vezes, eu cheguei a apresentar a minha cunhada como companheira e o meu namorado como cunhado”, revela. Um cenário que se transformou com o passar dos anos. Segundo o sargento, hoje os colegas o conhecem, aceitam e, principalmente, respeitam. “Há um ano de encerrar a minha carreira, eu sou um policial muito mais feliz. Não estamos vivendo no passado”, disse.
Em 2018, ele se tornou um dos primeiros militares da PMMG a realizar um casamento homoafetivo. A cerimônia, realizada no dia 25 de março, em Belo Horizonte, reuniu mais de 350 pessoas, entre familiares, amigos e colegas de trabalho. “Isso foi diferente. Meus colegas chegaram a fazer uma caixinha surpresa, que ajudou a pagar na lua de mel”, conta. Apesar do apoio, a cerimônia não esteve isenta às criticas e aos comentários preconceituosos. “Foram algum fatos isolados de pessoas que comentavam e que chegava no ouvido. Nem todo mundo aceita”, lamenta.
O levantamento revelou também que 44% dos profissionais expõem a sua identidade de gênero no ambiente corporativo em Minas Gerais. A média no estado é superior a nacional, de 40%. A pesquisa apontou ainda que a representatividade da população LGBTQIA+ nas empresas mineiras é de 12%, já nas empresas brasileiras é de 10%. Em relação aos mineiros LGBTQIA+ que ocupam posições de liderança, o número cai para 11% – no recorte nacional o índice é ainda menor, com apenas 8%.
Para o sargento, assumir a orientação sexual ou a identidade de gênero, seja no ambiente familiar ou profissional, é muito mais mais fácil que no passado. Apesar das particularidades de cada pessoa, do preconceito e da falta de políticas públicas, o sargento acredita que a população LGBTQIA+ não tem mais o que temer e cobra empatia e igualdade aos demais. “As pessas tinham que respeitar mais o outro. Entregar mais amor e menos ódios”, conclui.
Sobre a pesquisa
O estudo foi realizado pela empresa de consultoria Santo Caos. Foram ouvidos 19.488 profissionais de todas as faixas etárias entre novembro de 2020 e abril de 2022. Deste total, a população LGBTQIA+ representa 10,4% (2.034 pessoas). A Santo Caos tem realizado, desde 2013, diversos estudos autorais sobre temas como engajamento das pessoas LGBTI+ nas empresas, equidade racial, pessoas com deficiência no mercado de trabalho, entre outros.
*Fonte: O Tempo