Quase metade dos entrevistados declararam estar apertados e 47% disseram estar com parcelas de dívidas em atraso
No cenário de queda do rendimento médio, o brasileiro está mais preocupado com a saúde financeira do que com a física e emocional em 2022. Quase metade dos entrevistados em uma pesquisa da seguradora SulAmérica, divulgada nesta semana, declararam que estão “apertados” financeiramente, e para 47% dos entrevistados a saúde financeira é um motivo de preocupação maior do que a saúde física, principal inquietação de 27%, e emocional, maior angústia de 26%.
A fatia de brasileiros preocupados principalmente com as finanças aumentou desde 2021, quando era 44%, segundo a pesquisa. Ela atravessa gerações e é a principal inquietude desde a geração Z, de jovens adultos, até os “baby boomers”, com mais de 50 anos. A pandemia fez 62% dos brasileiros pensarem mais antes de gastar dinheiro, mas, mesmo assim, um terço dos entrevistados afirmam que gastam mais do que ganham.
Nesse cenário, a inadimplência aumentou e 47% dos entrevistados afirmaram estar com parcelas de dívidas atrasadas, contra 45% na pesquisa de 2021. A dificuldade em manter as contas em dia piora porque apenas uma em cada quatro pessoas diz conseguir identificar um bom investimento e uma em três avalia que têm capacidade para lidar com uma grande despesa inesperada.
O cenário de endividamento preocupa especialistas, em um momento em que poupar se tornou mais difícil. O objetivo de ter uma reserva equivalente a seis meses de rendimento médio, recomendada por planejadores financeiros, torna-se um sonho distante, explica a gerente da Serasa Amanda Rapouzo, no guia sobre crédito consignado preparado por O TEMPO.
“Com o emprego e inflação do jeito que estão, isso seria utópico. É muito complicado falar para as pessoas guardarem dinheiro hoje em dia, porque às vezes é uma questão de não poder, e não de desconhecer que isso é necessário. A pessoa deve guardar o máximo que conseguir, que sejam R$ 10, R$ 20. É importante ter esse pé de meia para utilizá-lo em um momento de necessidade, em vez de tomar um empréstimo”,
O aperto financeiro afeta não apenas a vida das famílias e respinga em variados setores econômicos. Hoje, um terço dos brasileiros reduziu viagens, idas a bares, restaurantes e shows, por exemplo, e também estão menos dispostos a frequentar cinemas, teatros e museus.
Sem espaço para aumentar os preços na mesma medida em que a matéria-prima fica mais cara, os bares de Minas Gerais, por exemplo, sentem o reflexo desse aperto e estão diminuindo a margem de lucro, segundo levantamento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MG). Menos de 3% dos mineiros vão ao cinema mensalmente, de acordo com uma pesquisa inédita da ONG Contato, em parceria com o Instituto Ver.
Três em cada cinco brasileiros estão cuidando mais da saúde e do bem-estar
Cuidar da saúde e do bem-estar se tornou um hábito mais comum para três em cada dez brasileiros desde o início da pandemia, de acordo com a pesquisa da SulAmérica. De olho a saúde mental, 9% dos entrevistados declararam fazer consultas periódicas com psicólogos. A maioria dos pacientes só iniciaram a terapia após o começo da pandemia.
Por outro lado, 62% dos brasileiros fazem poucos ou nenhum esporte como forma de cuidar da saúde. Sintomas da fragilidade da saúde emocional, a ansiedade atinge 50% dos entrevistados e a insônia, 40%.
A pesquisa da SulAmérica ouviu 2.000 adultos, online, em todos os Estados brasileiros, com apoio do Instituto FSB Pesquisa.
*Fonte: O Tempo