Dr. Aji Djamali impressionou o mundo com um gesto de surpreendente generosidade: para salvar Jhon, um paciente querido, ele decidiu doar o próprio rim. Eles conversaram com o Fantástico.
Até que ponto você chegaria para salvar a vida de uma pessoa? Nos Estados Unidos, um médico especializado em doenças renais foi muito além do protocolo para salvar um ex-paciente que estava na fila do transplante. Conheça a história de Jhon e Aji.
O resultado do exame foi devastador: o americano John Jartz tem uma doença genética; um aglomerado de cistos nos rins e eles iam parar de funcionar. O médico explicou que seria melhor se o John conseguisse a doação de uma pessoa viva – o rim de um doador morto tem mais risco de rejeição. Então, o Dr. Aji Djamali disse para o John ir contando a história para todo mundo.
John conversou com o Fantástico. Ele conta que ele falava de rim até em papo de elevador. E que espalhou a história nas redes sociais.
O destino dele era a hemodiálise. O tratamento tenta substituir parte da capacidade que o rim tem de filtrar as impurezas do corpo. A pessoa fica parada ali por várias horas: a máquina vai sugando o sangue, limpando algumas toxinas e depois devolve o sangue para o corpo. Isso acontece pelo menos três vezes na semana, quatro horas a cada sessão. O paciente fica exausto para trabalhar ou fazer outra coisa. E vive cenas que a gente nem imagina.
Aji acompanha esse calvário. Ele trata os rins de pacientes há mais de 25 anos. E viu muita gente que não resistiu à espera de transplante. Mas também conheceu quem apareceu para fazer a fila andar.
“Eu admirava demais essas pessoas. Mas ficava pensando: Será que eu seria capaz de doar um rim?’ Aí eu percebi que era sim”, conta o médico.
A mulher dele apoiou a decisão, mas pediu para o Aji esperar os filhos crescerem. E quando os três entraram na faculdade, ele voltou com a ideia.
Só pessoas muito saudáveis são autorizadas a doar um órgão. A triagem é criteriosa. O risco desse doador precisar de um rim depois não passa de 2%. E se acontecer, essa pessoa ganha prioridade na espera de transplante. Quase 30 mil pacientes estão nessa fila, num país com mais de 200 milhões de pessoas que circulam por aí os dois rins saudáveis.
Entre janeiro e junho desse ano, foram 2.381 doações de rins no Brasil – mais de 300 delas de doadores vivos. E mais de duas mil de mortos.
Aji sabia que o risco era mínimo. Nem por isso deixou de sentir medo, mas a vontade de ajudar era muito maior. Ele e John já tinham ficado amigos. E Aji foi dar duas notícias para o paciente: a má era que não daria mais para ser médico dele porque estava se mudando de cidade. E a boa era que Aji tinha encontrado um rim para o John: o dele.
John conta que mal conseguiu abrir a boca; abraçou Aji como fosse um irmão. E não basta querer doar: os rins precisam combinar. Nenhum parente do John seria compatível. Mas o médico… O médico era.
A lei brasileira só autoriza na Justiça casos como o do John e do Aji