O uso noturno dos remédios não trouxe efeitos adversos ou benefícios extras
Esse estudo interessante foi publicado no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia 2022, que foi realizado recentemente em Barcelona. Nesse estudo prospectivo (acompanhando pelos investigadores), aleatório, os autores investigaram se o uso de anti-hipertensivos, habitualmente tomados à noite, seria superior à tomada pela manhã, no tempo para a ocorrência do primeiro desfecho primário (evento cardiovascular, como infarto do miocárdio, derrame cerebral, ou morte cardiovascular).
Participaram 21.104 pacientes, com média de idade de 65,1 anos, sendo 57,5 % de homens, com níveis médios de pressão arterial de 135/79 mmHG, sendo que 13% apresentavam doença cardiovascular prévia e 13,8% eram diabéticos. Os pacientes foram randomizados(recebiam a medicação aleatoriamente), para uso da medicação pela manhã, entre 6h e 10h (n=10601) ou à noite, entre 20h e 24h (10.503).
Durante o seguimento médio de 5,2 anos, o controle pressórico de ambos os grupos foi similar. O desfecho primário ocorreu em 362 pacientes (3,4%) do grupo noturno e em 390 pacientes (3,7%) do grupo diurno, sem diferença estatisticamente significativa.
Também sem diferença, nos desfechos isolados: derrame cerebral, infarto agudo do miocárdio, morte cardiovascular e mortalidade global, entre os grupos. Porém, o nível de adesão não foi controlado, os protocolos de tratamento não foram estandardizados. Os autores concluíram que a tomada habitual da medicação anti-hipertensiva à noite não melhorou os riscos para os principais desfechos cardiovasculares, em comparação com a tomada pela manhã. O uso noturno não trouxe efeitos adversos ou benefícios extras. Medicação anti-hipertensiva pela manhã ou à noite, são igualmente efetivas.