É a 6ª vez seguida que eleições presidenciais serão definidas em uma segunda rodada. Decisão, agora, acontece no dia 30 de outubro.
Os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) decidirão no segundo turno quem vai presidir o Brasil pelos próximos quatros anos. É a sexta vez seguida que uma eleição presidencial não é definida no primeiro turno.
Segundo a apuração dos votos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), às 21h26, o petista alcançou 47,85% dos votos válidos e o atual presidente tinha 43,70%. Com isso, eles não podem mais ser alcançados pelos adversários nem conseguir mais de 50% dos votos, o que garantiria uma vitória em 1º turno.
Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) aparecem em terceiro e quarto lugar, respectivamente, com 4,22% e 3,06%.
Os dois candidatos que vão para a rodada final, marcada para o próximo dia 30 de outubro, estiveram muito à frente de seus adversários nas pesquisas ao longo de toda a corrida eleitoral. O resultado que sai das urnas mostra a consolidação dessa polarização entre Lula e Bolsonaro e o pouco espaço para qualquer tentativa de terceira via.
Esta é a nona eleição presidencial por meio do voto direto desde a redemocratização, no fim da década de 1980. O vencedor deste ano governará o Brasil de 1º de janeiro 2023 a 31 de dezembro de 2026.
É primeira vez que Lula e Bolsonaro se enfrentam nas urnas. Os dois disputariam o Palácio do Planalto em 2018, porém, naquele ano, o TSE barrou a candidatura de Lula a presidente com base na Lei da Ficha Limpa. Com isso, o PT substituiu o ex-presidente por Fernando Haddad, que acabou derrotado por Bolsonaro em segundo turno.
Veja as trajetórias dos postulantes que restaram na disputa:
Lula
Hoje com 76 anos, Lula foi metalúrgico e sindicalista antes de iniciar a carreira política até chegar à sexta eleição presidencial em disputa. Foi eleito duas vezes, em 2002 e em 2006, depois de perder em 1989, para Fernando Collor, e em 1994 e 1998, para Fernando Henrique Cardoso. Em 2018, tentou concorrer, mas seus processos ainda não haviam sido anulados pelo Supremo e ele estava inelegível.
Fundador do PT, Lula foi o primeiro presidente a ser eleito pelo campo da esquerda desde a redemocratização. Focou seus governos na área social, com programas como Fome Zero, Minha Casa Minha Vida e Bolsa Família.
Terminou seu segundo mandato com a expressiva aprovação de 83% e fez sua sucessora, a petista Dilma Rousseff, mas teve as administrações manchadas por escândalos de corrupção. Os principais foram o Mensalão, julgado em 2012 pelo STF e que resultou na condenação de diversos dirigentes petistas, e o Petrolão, que levou à sentença do próprio Lula em 2012.
A condenação pelo caso do tríplex no Guarujá, após ser confirmada em 2ª instância, levou Lula para a cadeia em abril de 2018. O petista ficou 580 dias detido em uma sala na superintendência da PF em Curitiba e, após ser libertado, conseguiu anular a condenação e demais processos relacionados à operação Lava Jato com dois argumentos: não deveria ter sido julgado pela Justiça Federal do Paraná e parcialidade do então juiz de 1ª instância, Sergio Moro.
O Supremo decidiu em favor de Lula e o liberou para disputar a eleição deste ano.
Bolsonaro
Bolsonaro, de 67 anos, é capitão reformado do Exército. Integrou a Academia Militar de Agulhas Negras (Aman) e se formou como paraquedista. Em 1986, foi preso por 15 dias, enquanto servia como capitão, por ter escrito um artigo para a revista Veja criticando o salário pago aos cadetes da Aman. Contudo, dois anos depois, acabou absolvido das acusações pelo Superior Tribunal Militar (STM).
Em 1988, Bolsonaro seguiu para a reserva do Exército, ainda com o cargo de capitão, e, no mesmo ano, iniciou a carreira política. Em 1988, conseguiu ser eleito vereador da cidade do Rio de Janeiro, seu berço eleitoral. Em 1991, foi votado para deputado federal. Reeleito para sucessivos mandatos na Câmara dos Deputados, o atual mandatário desempenhou funções parlamentares até 2018, quando foi eleito presidente da República.
Deputado do chamado “baixo clero”, Bolsonaro passou por nove siglas: Partido Democrata Cristão (PDC), Partido Progressista Reformador (PPR), Partido Progressista Brasileiro (PPB), Partido da Frente Liberal (PFL), Partido Progressistas (PP), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Democratas (DEM), Partido Social Cristão (PSC), Partido Social Liberal (PSL).
Depois de desavenças com a cúpula do PSL, e já na Presidência da República, ele saiu do partido e ficou dois anos sem legenda. Em novembro de 2021, para disputar a reeleição, se filiou ao Partido Liberal (PL), do ex-condenado no Mensalão Valdemar Costa Neto.
É casado com Michelle Bolsonaro, 40 anos, e pai de Laura Bolsonaro, 11, Jair Renan Bolsonaro, 24, Eduardo Bolsonaro, 38, Carlos Bolsonaro, 39, e Flávio Bolsonaro, 41, sendo os três últimos também políticos.