Um estudo conduzido por pesquisadores da Western Norway University of Applied, na Noruega, e publicado na última semana na revista científica Diabetologia, encontrou uma forte relação entre o sentimento de solidão e o desenvolvimento de diabetes tipo 2, ou diabetes mellitus, a mais incidente na população.
O grupo analisou informações de saúde de 24 mil pessoas entre 1995 e 2019. Deste total, 4,9% desenvolveram diabetes tipo 2. A maioria (59%) era homem com idade média de 48 anos. As mulheres (44%) tinham idade média de 43 anos).
Os sentimentos de solidão foram relatados por 13% dos participantes do estudo. Os autores do artigo identificaram que níveis mais altos de solidão tinham forte relação com um risco maior de diabetes tipo 2 após 20 anos.
Eles descartaram a relação com outros fatores como depressão e insônia de início de sono ou terminal, mas acharam evidências de possível ligação com a insônia de manutenção de sono.
Os pesquisadores não aprofundaram a investigação para entender os mecanismos envolvidos na relação entre solidão e diabetes, mas consideraram que a rede de apoio de um indivíduo pode ter influência na saúde dele.
Isso envolve, por exemplo, a prática de atividades físicas, mudanças na alimentação e níveis de estresse.
A solidão, argumentam, cria um estado crônico de angústia que pode ativar a resposta de estresse do corpo, algo que aumenta a produção de cortisol, um hormônio que eleva a resistência à insulina.
A regulação do comportamento alimentar também é diferente em pessoas solitárias, pois causa um aumento do apetite por carboidratos e consequente elevação dos níveis de açúcar no sangue.
Os autores lembram que outros estudos já relacionavam a solidão a uma alimentação não saudável, com maior consumo de bebidas açucaradas, por exemplo.
“É importante que os profissionais de saúde estejam abertos ao diálogo sobre as preocupações de um indivíduo durante as consultas clínicas, inclusive no que diz respeito à solidão e interação social”, afirmam os pesquisadores no artigo.