Medidas fazem a diferença tanto na prevenção para as vítimas quanto para os agressores, segundo pesquisa da UERJ.
Fazer refeições juntos, acompanhar as tarefas e saber o que o filho faz durante o tempo livre são três hábitos que podem prevenir o bullying entre adolescentes – e não só de se tornar vítima, mas também de praticar esse tipo violência.
Esses são os resultados de um estudo recém-publicado, conduzido pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), que avaliou dados de mais de cem mil estudantes do nono ano de escolas públicas e privadas em todo o Brasil, a partir de questionários da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE).
Sabe-se que a prevalência do bullying entre escolares no mundo todo é alta e não para de crescer: no Brasil, subiu de 14,2% em 2009 para 21,7% em 2015, segundo dados da PeNSE. É um tipo de violência, praticado entre pares, que tem três características: a intenção, a repetição e o desequilíbrio de poder entre agressor e vítima.
“Há muitos estudos sobre o perfil de quem sofre e de quem pratica a violência, mas queríamos investigar quais fatores poderiam estar relacionados à prevenção”, diz Emanuele Souza Marques, professora do Instituto de Medicina Social da UERJ, uma das autoras do estudo. “Os resultados mostram a importância de medidas que fortaleçam o vínculo entre pais e filhos, como as práticas de supervisão parental positivas”.
Diálogo familiar
Segundo a pesquisa, é decisivo o estabelecimento de muito diálogo familiar, de regras e de conhecimento da rotina no combate ao bullying.
“É importante desenvolver uma proximidade e um elo de confiança para que o adolescente se sinta acolhido e não tenha medo de se expor e conversar”, orienta a psicóloga Caroline Nóbrega de Almeida, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Daí a importância de mostrar interesse pelas atividades do filho e de ter momentos juntos, justamente como revelou a pesquisa da UERJ. “Nessas horas, é possível observar alguns comportamentos ou comentários diferentes, que podem sinalizar que algo pode estar acontecendo com o filho“, diz a psicóloga. É também a oportunidade de falar sobre as consequências das atitudes e orientar.
“Às vezes, ele reproduz algo negativo que vivenciou, ou que assistiu em algum programa”, exemplifica Caroline.
Além disso, Emanuele, coautora da pesquisa, lembra de outro fator: ambientes violentos favorecem a prática de violência em diferentes cenários, incluindo a escola.
Pandemia e saúde mental
A pandemia exacerbou problemas de saúde mental nos mais jovens. Recentemente, uma enquete com mais de 7,7 mil adolescentes mostrou que metade sentiu necessidade de pedir ajuda e 35% se sentiam ansiosos. Esses são dados de uma pesquisa feita pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela organização da sociedade civil Viração Educomunicação. (Fonte: Agência Einstein)