Dois empresários mineiros são suspeitos de usar gordura vegetal, ácido e fezes na adulteração de manteiga. Operação conjunta da Polícia Federal, Ministério da Agricultura e Ministério Público Federal identificou que os donos de um laticínio no Sul de Minas burlavam a fabricação dos produtos e podem ter lucrado R$ 12 milhões só nos 18 meses entre janeiro de 2021 e julho deste ano.
Operação Alcanos indica a fraude na fabricação da manteiga, com gordura vegetal sendo usada no lugar do creme de leite. O produto usado custa metade do valor do original. As análises indicaram a presença ainda de ácido sórbico e sorbato (conservante não permitido pelo regulamento federal que rege a produção do laticínio) e coliformes totais e fecais, o que resultou na expedição do pedido de prisão, autorizada pela Justiça, dos dois sócios.
“A matéria gorda para a produção de manteiga deve ser composta exclusivamente de gordura láctea, normalmente creme de leite. A substituição da gordura de origem láctea por gordura vegetal configura adulteração passível de punição administrativa e criminal”, explica o coordenador do 5º Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal, Pedro Henrique Bueno.
Manteiga adulterada leva a prisão
Proprietários e funcionários do estabelecimento chegaram a impedir as diversas tentativas de fiscalização do Ministério da Agricultura no local. Dada a dificuldade, fiscais recolheram amostras dos produtos no mercado e enviaram para o laboratório da Universidade Federal do Pará, confirmando assim a adulteração da manteiga.
A investigação constatou que no primeiro semestre deste ano cerca de R$ 2,4 milhões em produtos usados na adulteração de manteiga foram comprados. O valor total é suficiente para comprar quase 10 mil caixas de gordura vegetal.
Os investigados responderão por corrupção, adulteração de produtos alimentícios, falsa indicação e falsificação de selo federal e ameaça. Caso eles sejam condenados por todos os crimes, podem pegar até 24 anos de prisão.