Os três governadores, que declararam apoio a Bolsonaro no segundo turno, cumprem decisão de Moraes para liberar bloqueios em estradas
Após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) desta terça-feira (1°/11), três governadores que apoiaram o presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno – Rodrigo Garcia (PSDB-SP), Claudio Castro (PL-RJ), e Romeu Zema (Novo-MG) – informaram que vão enviar equipes da Polícia Militar para liberar as rodovias do país, bloqueadas por manifestantes bolsonaristas.
Os protestos, que ocorrem em todo o território nacional, são devido ao resultado das urnas no pleito deste ano. No domingo (30/10), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito para presidente da República com 50,90% dos votos, contra 49,10% de Bolsonaro. Os apoiadores do atual mandatário não aceitaram a derrota.
Desobstrução de bloqueios em São Paulo
Rodrigo Garcia (PSDB), governador de São Paulo, anunciou que irá multar em R$ 100 mil por hora os veículos que participam dos atos contra o resultado das eleições. “Vamos fichar e, eventualmente, prender manifestantes que resistirem a desobstruir as vias”, afirmou.
“Faço um apelo para que as manifestações se encerrem. As eleições acabaram, vivemos em um país democrático. São Paulo respeitará o resultado das urnas e nenhuma manifestação fará com que a democracia retroceda”, disse.
São Paulo conta com o maior número de efetivos do país e é um dos estados mais afetados pelas paralisações, devido ao escoamento das produções pelo Porto de Santos. A unidade federativa já liberou 40 pontos, incluindo as vias que dão acesso ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, mas ainda conta com 90 pontos bloqueados.
No Rio de Janeiro
Claudio Castro (PL), governador do Rio de Janeiro, anunciou ter ordenado ao Batalhão de Choque da Polícia Militar que libere as vias do estado. “É preciso respeitar o resultado das urnas; quem foi vitorioso precisa ter a tranquilidade de reunir forças e trabalhar pelo Brasil”, disse.
No estado, bolsonaristas ocuparam, pelo segundo dia, pontos de pelo menos oito vias.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, mobilizou a Guarda Municipal para os pontos de bloqueio. Imagens publicadas nas redes sociais mostram o batalhão usando gás de pimenta contra os manifestantes.
Em Minas Gerais
Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, afirmou em suas redes sociais ter solicitado às forças de segurança do estado a liberação das estradas que estão total ou parcialmente fechadas.
“Já solicitei às nossas forças de segurança que tomem as medidas necessárias para desobstruir qualquer via ou qualquer estrada que esteja interditada por manifestação. A eleição já acabou, e agora nós temos que garantir o direito das pessoas de ir e vir e também que as mercadorias cheguem aonde precisam, para não haver desabastecimento. Vamos cumprir a lei”, frisou Zema.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF-MG), há pelo menos 18 pontos de interdição nas rodovias federais mineiras.
Decisão de Moraes
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou multa de R$ 100 mil e prisão em flagrante de manifestantes bolsonaristas que bloqueiam rodovias no país. Ainda segundo o magistrado, as polícias militares podem atuar na desobstrução das rodovias, inclusive as federais.
Moraes entende que os atos “afetam não apenas a regularidade do trânsito nas rodovias, mas, principalmente, a segurança pública em todo o território nacional, inclusive por meio de condutas tipificadas na Lei 14.197/2021 como crimes contra as instituições democráticas”.
O magistrado intimou, com urgência, todos os 27 governadores do país, os comandantes-gerais das Polícias Militares e os Procuradores de Justiça dos Ministérios Públicos estaduais para atuarem na “imediata desobstrução de todas as vias públicas que, ilicitamente, estejam com seu trânsito interrompido”.
Bloqueios em todo o país
De acordo com dados da PRF, o país amanheceu com 271 ocorrências em estradas nesta terça. Ao todo, são 183 pontos de interdição e 88 bloqueios em rodovias de 22 estados e do Distrito Federal.
De acordo com a corporação, 192 manifestações já foram desfeitas.
As manifestações não foram intimadas por uma organização específica, mas têm sido incentivadas por bolsonaristas nas redes sociais. Uma série de canais foram criados no aplicativo Telegram para convocar atos em todo o Brasil. Os grupos pedem intervenção militar devido ao resultado das eleições.
*Informações e imagens: Metrópoles