Atacante poderia até jogar no sacrifício, pois não teve rompimento de ligamento, mas tornozelo tem problema reincidente
É possível dizer que o maior adversário de Neymar em três Copas do Mundo ao longo de sua carreira são as lesões. Jogador que mais apanhou na estreia do Brasil diante da Sérvia — nove faltas sofridas —, o atacante ficará de fora da primeira fase para tentar voltar no momento decisivo, mas já se sabe que a recuperação será complicada. Com lesão no ligamento lateral do tornozelo direito, o camisa 10 fará tratamento intensivo para retornar nas oitavas de final, em dez dias, e não vai a campo contra Suíça e Camarões.
O mesmo vale para o lateral direito Danilo, que teve lesão semelhante, mas no ligamento medial do tornozelo esquerdo, na parte de dentro do pé. A vitória na primeira partida fez o departamento médico e a comissão técnica da seleção brasileira agirem com cautela e otimismo e tratarem o problema da dupla por etapas. Se fosse um jogo decisivo, Neymar jogaria no sacrifício em caso de lesão ligamentar leve. Que começa com um estiramento e pode chegar até a uma ruptura total da estrutura. Há ainda variados graus de estiramento, que influenciam no tempo de recuperação. O que se sabe é que o problema de Neymar não é grave em nenhum dos casos. A saída do estádio caminhando foi um bom indício.
Entretanto, o drama se estabeleceu a partir do comunicado preventivo. Um agravante importante é que o pé lesionado é o mesmo que, em 2018, quase tirou o jogador do Mundial da Rússia. O craque ficou afastado durante 11 semanas após sofrer uma lesão na base do quinto metatarso do (estrutura óssea que sustenta o dedo mindinho). Os problemas físicos perduraram ao longo da temporada e o fizeram jogar uma Copa no sacrifício. Em janeiro de 2019, o jogador do PSG sofreu a mesma contusão. Em seguida, rompeu o ligamento do tornozelo e foi cortado da Copa América. Ao todo, Neymar ficou afastado dos gramados entre junho e agosto de 2019. Foram 63 dias de recuperação. A sucessão de entorses dificulta um pouco mais a recuperação.
Chance de voltar
A coleção de traumas não para por aí. Na Copa do Mundo do Brasil, em 2014, Neymar era a grande esperança da seleção e fazia um ótimo Mundial. Até a partida contra a Colômbia, pelas quartas de final, quando o camisa 10 sofreu uma entrada dura de Zúñiga e fraturou a terceira vértebra da coluna. Ele precisou sair de maca, ficou quase dois meses longe dos gramados, e ficou de fora da semifinal contra a Alemanha.
“Hoje se tornou um dos momentos mais difíceis da minha carreira… e de novo em uma Copa do Mundo. Tenho lesão, sim, é chata, vai doer, mas eu tenho certeza que vou ter a chance de voltar porque eu farei o possível para ajudar meu país, meus companheiros e a mim mesmo. Muito tempo de espera para o inimigo me derrubar assim? Jamais!”, escreveu Neymar depois que o médico da CBF, Rodrigo Lasmar, comunicou o quadro e pediu “calma e tranquilidade” com os próximos passos.
Como não há como ter certeza sobre até onde o Brasil vai na atual edição, houve a confirmação da ausência dos jogadores apenas diante da Suíça, pela segunda rodada, na segunda-feira. Mas o prazo de recuperação pleno para um problema de gravidade leve como este não é menor do que uma semana. Neymar, que saiu de campo mancando muito, amanheceu com o local ainda inchado, e terá um cronograma para saber se estará disponível nas oitavas de final. Já Danilo, que aparentemente não se queixou de nada grave após a partida, que jogou inteira, será alvo dos mesmos procedimentos para redução do edema no tornozelo.
A contenção desses edemas é feita com o trabalho de fisioterapia, já iniciado. Quando houver redução da dor e do inchaço, os profissionais da seleção iniciam um trabalho de manutenção do arco de movimento, que implica em avaliar se o atleta aguenta que o tornozelo vire para todos os lados. Uma complicação dessa etapa impede por exemplo que Neymar possa correr normalmente, chutar a bola e usar o pé direito como base de apoio. A etapa seguinte consiste em fazer um fortalecimento muscular da região para liberação para treinos e jogos. Ou seja, que toda a estrutura que sustenta o tornozelo esteja firme para que, mesmo com alguma dor, o camisa 10 consiga jogar mediante medicação e proteção da área. Diante do diagnóstico, a liberação para treinos e jogos não aconteceria até domingo, véspera do jogo conta a Suíça. Como nesse momento não há necessidade nenhuma disso, a seleção vai preservar o atleta para o momento que mais precisar.
*Com informações: O Globo