“Preciosas – Cachaças de Minas”, com periodicidade semanal aos domingos, conta a história de mestres alambiqueiros de diversas regiões do estado
Ontem, domingo, 21/5, foi o Dia da Cachaça Mineira e para celebrar a tradição, a paixão e o trabalho dos produtores da bebida genuinamente brasileira, a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), lança o primeiro de seis episódios da série “Preciosas – Cachaças de Minas”. A veiculação do conteúdo terá periodicidade semanal, via redes sociais e canal da pasta no YouTube.
Mais do que uma atividade econômica, produzir o destilado é parte da vida e memória dos mineiros. A fabricação em alambiques é, inclusive, declarada como patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais por lei estadual de 2007. E os modos de fazer o destilado atravessam gerações, como é o caso na família do mestre alambiqueiro Douglas Resende, de Dores do Turvo, na Zona da Mata.
“Eu comecei aqui com meu vô, foi passado de avô para neto mesmo. Vim mexer com ele no alambique e fui fazendo gosto. Fiquei a vida procurando um dom e vi que o meu dom é fazer cachaça. Não me vejo fazendo outra coisa”, conta Douglas, cujo relato abre a série “Preciosas”.
Cachaça em Minas
Minas é o maior produtor nacional de cachaça de alambique do país, com mais de 350 cachaçarias e quase 1.800 marcas. De cada três cidades que possuem estabelecimentos registrados no país, uma é mineira. segundo o Anuário da Cachaça 2021, publicado pelo Ministério da Agricultura em outubro de 2022.
Das dez cidades que encabeçam o ranking de produtoras da bebida no Brasil, metade é mineira. Dentre todas elas, destaca-se Salinas, com 16 cachaçarias. Não à toa, a localidade foi reconhecida pelo Governo Federal, em 2018, como a Capital Nacional da Cachaça, e com o selo de Indicação Geográfica, do Instituto Nacional da Propriedade Industrial, em 2012.
“A produção de cachaça em nosso estado é muito significativa. Além de ser uma atividade econômica que gera renda e empregos, ela ocupa um lugar especial quanto ao pertencimento, já que está presente no país desde o período colonial, e de forte identificação. O trabalho desenvolvido na secretaria visa a valorização do setor e o incentivo à formalização”, comenta a diretora de Comercialização e Mercados da Seapa, Jaqueline de Fátima Santos.
Nesse sentido, o Sistema Estadual da Agricultura promove várias ações de incentivo à formalidade, como palestras e seminários, oficinas de rotulagem, campanhas de conscientização pelo consumo seguro de produtos que atendam à legislação vigente. Estão em execução também ações de fortalecimento ao comércio nacional e internacional, por meio de rodadas de negócios em Minas e no exterior.
Benefícios da regularização
O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), vinculado à Secretaria de Agricultura, foi o primeiro órgão de defesa agropecuária estadual no país a inspecionar a produção e o comércio de cachaça e aguardente de cana, a partir de uma portaria do Ministério da Agricultura de 2018. A fiscalização visa verificar as boas práticas de fabricação e o cumprimento de padrões legais, como as condições higiênico-sanitárias no decorrer de todo o processo produtivo.
“As ações do IMA em prol do setor são fomentar, fiscalizar e orientar a respeito das benesses da regularização, como acessar novos mercados e oferecer aos consumidores produtos de qualidade superior. A cachaça em Minas Gerais tem o reconhecimento nacional e internacional, e o nosso trabalho visa manter esse prestígio”, explica o fiscal agropecuário Lucas Guimarães.
O mestre alambiqueiro Douglas Resende vem experimentando resultados positivos desde o ingresso na formalidade. “Depois que eu regularizei, tive mais oportunidades, hoje eu entro em qualquer mercado. Eu não tinha a oportunidade de participar da Expocachaça, em Belo Horizonte. Regularizado, eu pude participar, separei um lote da cachaça prata, do jequitibá, e no primeiro ano da gente, fui premiado. Voltamos em 2022 e fomos medalhados de novo”, comemora.
Em 2022, a receita das exportações mineiras com a cachaça somou US$ 2,3 milhões, com o volume de mais de 400 mil litros embarcados, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). Os números representam alta de 110% e 71%, respectivamente, em comparação a 2021. O produto foi enviado a 17 destinos internacionais, principalmente, EUA, Uruguai e Itália.