Do Portal Metrópoles – Ao todo, foram detidas 94 pessoas acusadas de crimes cibernéticos de abuso sexual infantojuvenil, alta de 194% em comparação com o primeiro quadrimestre de 2021, quando ocorreram 32 prisões no país.
No mesmo período, a quantidade de operações de combate à produção e comércio de pornografia infantil na internet feitas pela PF também registrou um salto, de 66 para 157.
Janeiro deste ano foi o mês com o maior número de prisões de pedófilos, desde 2021, com 50 casos. Um deles ocorreu no dia 22 de maio em Itapevi, na Grande São Paulo, durante a Operação Finito da PF.
Um homem foi preso após policiais constatarem que ele usava o Telegram para obter e trocar imagens de pornografia infantil. O uso do aplicativo de mensagens por pedófilos, sem nenhum tipo de controle.
Valendo-se da segurança do anonimato, os criminosos que comercializam pornografia infantil agem livremente, oferecendo fotos e vídeos cujos preços partem de R$ 4 e chegam a R$ 500.
De líder religioso a policial
Entre os detidos por pedofilia há desde líderes religiosos até policiais. Em outubro do ano passado, por exemplo, a PF prendeu um pastor evangélico em Porto Velho (RO) que armazenava fotos e vídeos de abusos sexuais de crianças em seu celular.
Em março de 2022, um oficial da Polícia Militar de Castanhal, no Pará, foi preso em casa com material de pornografia infantil em seu notebook. A Corregedoria Geral da PM acompanha o caso e o oficial será julgado pela Justiça comum.
Ao Metrópoles, a PF informou que combate a pedofilia em parceria com a Polícia Civil dos 26 estados e do Distrito Federal, além do Ministério Público de cada um deles e da Secretaria Nacional da Segurança Pública.
Prisões feitas pela Civil
Em São Paulo, o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) atua em conjunto com a PF no combate ao abuso sexual infantojuvenil por meio da 4ª Delegacia de Combate à Pedofilia.
Em 19 de maio deste ano, a delegacia especializada prendeu (assista abaixo) o comerciante Edson Shigueyoshi Muratade, de 45 anos, após encontrar mais de 20 mil arquivos de pornografia infantil na casa dele, na zona leste da capital paulista. Ele foi solto no dia seguinte, após audiência de custódia.
Ele afirmou aos policiais da 4ª Delegacia do DHPP que começou a baixar arquivos de sexo explícito com crianças e adolescentes quando morava no Japão, para onde se mudou com 15 anos de idade. Ele retornou a São Paulo em 2011, onde mantém um comércio de frutas e verduras. A defesa dele não foi encontrada.
Na última quarta-feira (7/6), o pastor evangélico Joilson da Silva de Freitas Santos, de 39 anos, foi preso pela Polícia Civil em Guarulhos, na Grande São Paulo, sob suspeita de abusar sexualmente de crianças e adolescentes da Igreja Batista da Lagoinha.
De acordo com as investigações do 5º DP de Guarulhos, o pastor liderava uma célula de crianças e adolescentes há cerca de 12 anos. Ele se autointitulava “discípulo” e ministrava “lições” de costumes aos jovens do grupo, com orientações, por exemplo, sobre como evitar a promiscuidade.
Para isso, segundo o levantamento da Polícia Civil, o líder religioso forçava as vítimas a pesquisarem na internet vídeos e fotos de pornografia. Posteriormente, ele chantageava os jovens.
Uma das vítimas contou à polícia que o religioso afirmava que o “diabo pegaria a alma” caso ele não fizesse sexo com o acusado. A defesa dele não foi localizada. O espaço segue aberto para manifestação.
No mês passado, o frei da Igreja Católica Elvécio de Jesus Carrara, de 54 anos, foi preso na capital paulista em uma operação contra pedofilia deflagrada pela Polícia Civil de Minas Gerais.
Segundo as investigações, ele abusava sexualmente de adolescentes dentro de uma instituição não governamental que ele mantinha de fachada. A entidade supostamente oferecia serviços educacionais aos jovens.
Em São Paulo, a PF realizou 13 operações contra crimes cibernéticos de abuso sexual infantojuvenil, entre janeiro e abril deste ano, resultando em três prisões. No mesmo período do ano passado, foram 17 criminosos detidos, durante 23 ações de combate à pedofilia.
Adquirir, vender, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente é crime previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A pena vai de quatro a oito anos de prisão.