Por Isadora Prévide Bernardo –
A etiqueta já foi, entre os séculos XV e XVIII, um cerimonial de boas maneiras que regia a vida em sociedade. Falava-se de roupas, forma de tratamento, uso de uma linguagem apropriada, uso dos espaços, tudo muito bem orientado por leis ou por costumes. Enfim, a etiqueta servia à civilidade, à urbanidade. E tudo isso caiu em desuso de modo absurdo, de certa forma, a queda de muitas regras foi bem útil. O problema é quando a pessoa perde totalmente a noção da forma de tratamento. Talvez, as boas maneiras na forma de tratamento tenha sido a única herança que merece ser perpetuada de toda uma época, com algumas atualizações, claro!
Na província, em pleno século XXI, há seres que escolhem quem quer atender, veem a cara do freguês, cobram o preço exorbitante e dizem: não tenho mais vagas para 2021!
Esqueceram que a etiqueta do século XXI é o tratamento humano e igualitário. A honra e o sangue, caros ao espaço cultural do Mediterrâneo do século XV e XVI, parecem ainda prevalecer na província. Mas infelizmente desconhecem que não existe mais nobreza. Hoje, estamos diante de uma desigualdade social gigantesca, e os ricos locais (nobres, para usar o vocabulário do Antigo Regime) não gastam seu dinheiro na província, na verdade, vivem na capital.
Quem é você caro leitor, cara leitora? Pois a província quer saber seu sobrenome, sua estirpe, seu grau de nobreza e como o senhor ou a senhora auxiliarão os reis! Está na hora de despertar! A vida do Antigo Regime não é mais possível desde a Revolução Francesa.