O governador afastado do DF, Ibaneis Rocha, deu depoimento à Polícia Federal sobre invasão e depredação das sedes dos Três Poderes
O governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse à Polícia Federal que o Exército impediu a remoção do acampamento de manifestantes radicais em frente ao Quartel-General do Exército.
Em depoimento prestado nesta sexta-feira (13/1), Ibaneis disse que o procedimento de remoção começou no dia 29 de dezembro, “mas foi sustado logo o início por ordem do Comando do Exército”.
O governador afastado contou que algumas barracas chegaram a ser retiradas, mas o DF Legal, auxiliado pela Polícia Militar, “não conseguiram terminar todo o trabalho de retirada em razão da oposição das autoridades militares”.
Segundo Ibaneis, a equipe de transição do governo federal “tinha conhecimento da oposição do Exército na retirada dos acampamentos”. “O GDF trabalhou ativamente e com êxito na segurança da posse presidencial e posteriormente foi sentido um movimento natural de desmobilização, que foi apoiado pelos órgãos do Distrito Federal”, relatou o emedebista.
Ibaneis foi ouvido no âmbito da investigação sobre eventual responsabilidade de autoridades na invasão e depredação do Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal (STF) e Palácio do Planalto. O governador foi afastado do cargo, pelo prazo de 90 dias, por determinação do STF.
O emedebista disse que não recebe o planejamento de segurança da PMDF. Ele relatou que recebeu mensagem do ministro da Justiça, Flávio Dino, “relatando preocupação com a chegada de vários ônibus com manifestantes”, no sábado (7/1).
Ibaneis afirmou que ligou para Anderson Torres, então secretário de Segurança Pública, e soube que ele estava nos Estados Unidos. Segundo o governador afastado, o secretário titular passou o contato do secretário interino, Fernando de Souza Oliveira, que tranquilizou Ibaneis “afirmando haver informes de que os manifestantes estavam chegando pacificamente ao QG do Exército para a manifestação do dia 8/1”.
Ibaneis traçou uma linha do tempo do dia 8 de janeiro, quando ocorreram os atos terroristas. Ele informou à PF que recebeu manifestação durante o dia do secretário dizendo que “o clima” estava “bem ameno”.
Às 15h39, Ibaneis disse que determinou a Fernando Oliveira colocar todo o efetivo da polícia na rua e determinou “tirar esses vagabundos do Congresso” e prender “o máximo possível”.
Revoltado
Ibaneis declarou à PF que ficou “absolutamente surpreendido” com a falta da resistência exigida para a gravidade da situação por parte da PMDF. Ele disse que não quer e não pode generalizar esta afirmação, mas ficou “revoltado” quando viu cenas de alguns PMs se confraternizando com manifestante.
O governador afastado afirmou que “houve algum tipo de sabotagem” que a investigação em andamento deverá esclarecer. Segundo Ibaneis, a exoneração de Anderson Torres se deu porque ele estava ausente do país no momento do “trágico acontecimento” e, portanto, perdeu a confiança no então secretário.
O STF determinou a prisão de Anderson Torres, que permanece nos Estados Unidos, e do então comandante-geral da PMDF, coronel Fábio Augusto Vieira.
*Informações Portal Metrópoles.