Tendo como algo visionário e capaz de mudar e impulsionar o turismo em Poços de Caldas, o monotrilho teve seu contrato assinado em 1982 pela empresa J. Ferreira Ltda, que ficou responsável pela concessão e deveria ter construído e inaugurado o transporte em 10 anos. Porém, uma série de problemas fez com que a inauguração acontecesse apenas no ano 2000.
Em 2003, duas pilastras caíram e acabaram derrubando parte da estrutura. Desde então, as viagens nunca mais foram retomadas. A empresa J. Ferreira abriu mão de ressarcimentos ou indenizações feitos desde 1981, quando, em janeiro de 2019, durante uma audiência de instrução e julgamento, decidiu assinar a desistência do contrato de 50 anos. Com isso, a estrutura do monotrilho passou a ser responsabilidade da Prefeitura Municipal de Poços de Caldas.
Há mais de uma década, os questionamentos sobre o monotrilho são os mesmos, questões essas sem respostas até hoje como, por exemplo, a existência da função para o monotrilho e sua estrutura, que além de poluir esteticamente ainda prejudica as árvores existentes no decorrer da Av. João Pinheiro.
Em 2016, o engenheiro florestal do Departamento de Parques e Jardins da Secretária de Serviços Públicos, Carlos Alberto, realizou vistorias de algumas árvores ao longo da Av. João Pinheiro e constatou, na época, que ao menos 30% das árvores no local estavam condenadas, a principal causa disso é a presença da estrutura do monotrilho. De acordo com Carlos Alberto, “as árvores ‘disputam’ espaço com o monotrilho, mas como sua estrutura é de concreto ela precisam se curvar em busca de luz solar para crescerem de forma saudável, este encurvamento causa instabilidade e inevitavelmente as quedas começam a acontecer mesmo em uma planta saudável”.
Diante da funcionalidade do monotrilho, em 2014, o Ministério Público se manifestou com a tentativa de um TAC – Termo de Ajustamento de Conduta – entre a concessionária e a prefeitura. Infelizmente não houve acordo, o que levou a Justiça, em 2016, a estipular um prazo de 30 dias, por meio de uma liminar, para que a Prefeitura desse início às obras de contenção dos taludes do Ribeirão Poços de Caldas, além da instalação das pilastras e plataformas de embarque e desembarque que vinham sendo utilizadas como moradia para andarilhos e usuários de drogas.
Em abril de 2018 foi necessária a realização de reparos devido ao desgaste da estrutura. De acordo com levantamento realizado na época, houve um desgaste do neoprene, que é um tipo de borracha colocada entre a viga e o pilar.
A última atualização existente a respeito do monotrilho foi em 2019, quando o prefeito Sérgio Azevedo (PSDB), em seu primeiro mandato, recebeu um estudo preliminar de viabilidade técnica, financeira e ambiental para retomar o projeto, realizado pela empresa alemã TÜV Rheinland. O estudo contemplava diagnóstico urbano, diagnóstico de mobilidade, sistemas de transporte, demanda de passageiros, entre outros.
A versão final, já com os custos para viabilizar o projeto, deveria ser entregue no final de janeiro de 2020. O Alô Poços entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura para sabermos um posicionamento atual sobre o assunto e, de acordo com o assessor de comunicação, Luís Filipe Gallo, “De fato em 2019, antes da pandemia, houve esse estudo, porém, com a pandemia a administração precisou se voltar para a questão da saúde, assim como em todo o mundo. Por enquanto não há novidades sobre o tema, por ainda termos até mesmo a questão da pandemia em continuidade. A maior parte da verba disponível vem sendo destinada à área da saúde”, afirmou.
Enquanto isso, moradores e turistas seguem convivendo com as estruturas abandonadas daquele que se tornou um dos maiores “Elefante Branco” da cidade. O edital de concessão dos pontos turísticos de Poços, cujas propostas devem ser conhecidas no dia 15/02, não prevê a concessão do monotrilho.