Em Brasília e em Recife, escolas relataram casos de ansiedade coletiva. Especialista orienta o que pode ser feito em casos como esses
Do portal Metrópoles –
Após dois anos longe das salas de aula, o retorno às escolas não tem sido fácil para muitas crianças e adolescentes. Na última semana, muitos estudantes tiveram uma crise de ansiedade generalizada em uma escola estadual em Recife. Um episódio parecido foi relatado em um colégio em Brasília, que precisou suspender a aplicação das provas do primeiro bimestre.
Para entender esse comportamento, o médico psiquiatra Luan Diego explica que “quadros que sinalizem envolvimento emocional coletivo têm sido mais frequentes desde o início da pandemia, principalmente por gatilhos de ansiedade”, ressalta.
“No contexto desses alunos, imaginamos que muitos estudantes retornaram suas rotinas com certa preocupação. Seja pelo risco de infecção, seja pela tensão que um ambiente cheio de desafios, como a escola, pode gerar”, salienta.
De acordo com o especialista, esse cenário suscita gatilhos para desenvolvimento de crises de ansiedade ou de pânico. “Além disso, ver alguém próximo com esse tipo de reação pode gerar uma onda de emoção percebida como perigo”, ressalta.
Provas canceladas
Em Brasília, um caso parecido com o de Recife aconteceu em uma escola particular localizada no Núcleo Bandeirante. “Na semana das provas, muita gente chorou e não conseguiu escrever nada. Agora, todas as avaliações serão refeitas”, relatou uma mãe de aluna da Escola Salesiana São Domingos Sávio.
A diretora do colégio, Verônica Borba, disse que os alunos mais novos, do 6º e 7º ano, apresentaram sinais de ansiedade durante a realização dos testes.
“Fazer a primeira prova presencial depois de dois anos pandêmicos trouxe muitos desafios para a escola”, conta.
Ainda de acordo com a representante da instituição de ensino, um orientador educacional foi instruído a fazer exercícios de respiração com os alunos com o intuito de promover o relaxamento, mas “alguns estudantes tiveram mais dificuldades e, ainda sim, apresentaram sintomas físicos de ansiedade”, relata.
Para Verônica, essa reação já era esperada. A fim de que nenhum aluno fosse prejudicado com a situação, a escola decidiu, junto aos professores, repetir a revisão de conteúdo e a avaliação. A oportunidade será direcionada aos alunos do Ensino Fundamental 2 e Ensino Médio que quiserem melhorar a própria nota.
“É uma oportunidade para que os estudantes que tiveram dificuldades, ou não conseguiram alcançar o resultado que esperavam, possam refazer a avaliação com maior tranquilidade”, ressalta Verônica.
Como reverter o quadro?
De acordo com o psiquiatra Luan Diego, um exercício simples de respiração pode auxiliar no relaxamento e evitar quadros de ansiedade. Ele ensina uma maneira de minimizar crises como essa:
- Leve seu filho (a) para um local mais tranquilo;
- Solicite que a criança ou ao adolescente foque na respiração;
- Peça para que ele se concentre em inspirar e expirar profundamente;
- Ofereça alguma gentileza, como um copo d’água, um abraço ou se sentar próximo a ele (a).
A técnica, de acordo com o expert, é muito comum e costuma ser utilizada em treinamentos para profissionais de saúde. Ainda de acordo com o médico psiquiatra, esse tipo de situação em escolas sinaliza a “necessidade de treinamento escolar e da equipe de profissionais para situações de emergência”.