Anitta ironiza decisão: “Ah, vai botar multa de não sei quantos. A gente, paga querido. Liga aí, meus amigos que quiserem se manifestar, eu pago a multa de vocês”
Não demorou muito para que a recomendação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contra manifestações políticas no festival Lollapalooza fosse descumprida. Neste domingo, 27, a banda de rock Fresno já abriu o show do último dia de festival com alfinetadas bem diretas ao presidente Jair Bolsonaro (PL). A manifestação contou com letra sugestiva, recado no telão e o grito de “Fora, Bolsonaro”.
A banda de Porto Alegre subiu ao palco no festival nesta tarde e decidiu abrir o show com a música “F*deu”, que, em um dos trechos, diz: “E o presidente basicamente quer te exterminar. E o ideal fascista já conquistou teu núcleo familiar”. Antes de cantar o trecho, o vocalista Lucas Silveira deixou o recado ainda mais claro. “Fora, Bolsonaro”, disse, em meio aos gritos da plateia.
No telão, a mensagem também foi explícita. A mesma frase dita por Lucas foi exibida em letras garrafais sobre um fundo preto enquanto a banda começava a apresentação. Mais cedo, pelas redes sociais, Lucas já tinha dado um spoiler de que a Fresno não pretendia obedecer as recomendações.
“Vaquinha pra multa”, brincou o vocalista em resposta a um seguidor que falava justamente sobre a música escolhida pela banda – recomendando, também em tom de deboche, que a Fresno tivesse “cuidado”. Confira o trecho do show:
Anitta ironiza TSE
Quem também debochou da decisão do TSE de reprimir o que chamou de “propaganda eleitoral” no festival foi a cantora Anitta, que é atualmente a artista número um do mundo no Spotify. Em vídeo publicado no Instagram, ela chamou a medida de “censura”, defendeu os artistas que se manifestam politicamente e chegou a se oferecer para pagar eventuais multas.
https://73ad6ffc20554e58a190da58a1201355.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html “Interrompemos a programação da minha felicidade pra falar o seguinte: gente, não existe isso de proibir um artista de expressar publicamente a infelicidade dele perante o governo que está rolando. Entendo a questão de fazer campanha política pra candidato, acho que cada um vota em quem quer. Porém, proibir a gente de expressar a nossa insatisfação com o governo atual, isso é censura”, disparou.
A dona do hit “Envolver” disse ainda que aceitar medidas como essa é “mil novecentos e bolinha, que o povo não podia fazer nada” e afirmou que vai “lutar com todas as armas”. “Ah, vai botar multa de não sei quantos. A gente, paga querido. Liga aí, meus amigos que quiserem se manifestar, eu pago a multa de vocês”, concluiu.
‘R$ 50 mil… menos uma bolsa’
Pelo Twitter, a Girl From Rio também já havia debochado a situação. “50 mil? Poxa… menos uma bolsa. FORA BOLSONAROOOOO. Essa lei vale fora do país? Porque meus festivais são só internacionais”, ironizou Anitta.
Ao longo deste domingo, a rede social foi tomada por comentários semelhantes, e artistas e anônimos criticando a decisão do TSE e saindo em defesa dos músicos que se manifestassem. E a expectativa é de que mais posicionamentos aconteçam ainda hoje, já que Emicida e Planet Hemp – ambos conhecidos pelo forte posicionamento político – sobem ao palco para encerrar o festival em homenagem ao baterista do Foo Fighters, que morreu nessa sexta.
Entenda
O Tribunal Superior Eleitoral determinou nesse sábado, 26, a proibição de propagandas eleitorais no Lollapalooza, definindo uma multa de R$ 50 mil em caso de novas ocorrências. A decisão foi publicada depois de um pedido do partido de Bolsonaro, o PL, que enxergou nas manifestações das cantoras Pabllo Vittar e Marina “propaganda eleitoral irregular” (veja detalhes aqui).
Durante show realizado na sexta-feira, 25, Vittar ergueu uma bandeira com a foto do ex-presidente Lula (PT), enquanto a britânica Marina xingou o presidente Jair Bolsonaro (PL), com os dizeres “eu estou cansada dessa energia, f***-se Bolsonaro”.
*informações BHAZ