Por Tiago Monteiro Tavares –
Há uma semana, a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) abriu uma consulta pública para receber propostas de aquisição ou parceria envolvendo seus ativos. Entre os vinte e quatro imóveis, um deles chama a atenção pelo seu valor histórico e cultural: as Thermas Antônio Carlos, em Poços de Caldas-MG.
Desde então, instalou-se uma polêmica sobre a situação de um dos pontos turísticos mais famosos e emblemáticos da cidade, que carrega consigo toda a história do termalismo poços-caldense.
Consulta pública
Por meio da consulta pública, os interessados poderão encaminhar propostas, seguindo as possibilidades jurídicas listadas AQUI. Até o momento, a Companhia não definiu valores para as transações. O objetivo é escutar as propostas do mercado e, a partir daí, construir editais que viabilizem os negócios.
O Diretor de Gestão de Ativos de Mercado da Codemge, Sérgio Lopes Cabral, esclareceu que, inicialmente, a consulta pública ficará aberta até o dia 31 de janeiro, porém esse prazo poderá ser estendido, caso haja necessidade, conforme a demanda dos interessados. “O objetivo do chamamento é receber propostas do mercado, tanto de valor quanto de modelo de negócios, para subsidiar a Codemge na tomada de decisões”, explicou Cabral.
Posição do município
Administrada pelo município entre os anos de 1990 e 2018, as Thermas Antônio Carlos passou, naquele ano, a ser administrada pela Codemge, que assumiu o controle sobre o prédio pertencente ao Governo de Minas Gerais.
O Alô Poços entrou em contato com a Prefeitura e a Secretaria Municipal de Turismo. O vice-prefeito, Júlio César de Freitas (DEM), recebeu nossa reportagem e falou sobre o assunto.
“As Thermas não podem ser vistas apenas como um imóvel. Ela é um patrimônio histórico e cultural da cidade de Poços de Caldas e não tem uma mensuração de valor. Colocá-la à venda como um imóvel é uma visão extremamente simplista”, defendeu o vice-prefeito.
Júlio explicou que o posicionamento da Prefeitura é de diálogo com o governo estadual para entender o que eles pretendem fazer. “Hoje, nós entendemos que isso vai ser transferido para iniciativa privada com o edital amarrado, a exemplo do que foi feito com o Palace Hotel. Já pedimos uma reunião com o presidente da Coemge para levar nossas preocupações e posicionamentos até eles”, ressaltou.
“Poços de Caldas é a única cidade brasileira a compor o Circuito Thermal Europeu. Nós acabamos de chegar de Lisboa, em Portugal, onde chancelamos nossa participação nesse importante grupo de cidades. Poços nasceu através dessas águas medicinais e não podemos deixar que isso se perca”, argumentou Júlio Cesar.
Para ele, o governo do estado tem dimensão disso. “Algumas concessões se mostraram altamente eficazes, desde que mantenham a riqueza e o patrimônio histórico. Vamos cobrar definições e clareza quanto ao edital que será lançado”, explicou o vice-prefeito.