O aumento nos casos de diarreia em crianças fez com que a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) emitisse um alerta a pais e responsáveis legais. No ano passado, ao menos 27 crianças menores de 1 ano morreram em decorrência do quadro. Também foram registradas outras sete mortes entre a faixa de 1 a 5 anos.
O Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica para Doenças Diarreicas Agudas do Ministério da Saúde contabilizou mais de 500 mil casos de diarreia na população em geral em Minas Gerais, sendo aproximadamente 89 mil em crianças de até 5 anos de idade.
Neste ano, até o momento, foram notificados 227.845 casos de diarreia no estado, com 264 surtos da doença. Entre os menores de 5 anos, foram detectados 30.787 casos. Em relação a óbitos, foram registrados 170 casos com causa básica associada à diarreia, dos quais seis ocorreram em menores de 1 ano e outros três óbitos nas idades entre 1 e 4 anos.
Segundo a referência técnica em Toxoplasmose e Rotavírus da coordenação dos Programas de Vigilância de Doenças Transmissíveis Agudas da SES-MG, Michely Aparecida de Souza, os números são preocupantes. “São mortes que podem ser prevenidas por meio de assistência oportuna, com manejo clínico do paciente de forma adequada, vacinação e educação em saúde para favorecer boas práticas”, afirma.
Vacinação é essencial
Uma das principais vacinas para prevenir as doenças diarreicas agudas é a que protege contra o rotavírus. Outras vacinas, como a contra o sarampo e a contra hepatite A também podem proteger contra essas doenças quando associadas à diarreia.
De acordo com os dados referentes a 2022, a cobertura vacinal para a vacina do rotavírus atingiu 83,05%, enquanto a meta preconizada é de 90%. Para a vacina contra o sarampo, a cobertura foi de 87,11% para a primeira dose, abaixo da meta de 95%. Já a vacina contra hepatite A alcançou uma cobertura de 82,18%, também abaixo da meta preconizada de 95%.
Os dados mais recentes referentes ao período de janeiro a março de 2023, até o momento, não indicam mudanças. Este ano, a cobertura vacinal para o rotavírus registrou 79,96%. A vacina contra o sarampo alcançou uma cobertura de 86,85% para a primeira dose, e a vacina contra hepatite A obteve 83,21% de cobertura.
Sintomas e tratamento
Os casos de diarreia são caracterizados por um mínimo de três episódios em um período de 24 horas, acompanhados pelo aumento do número de evacuações e diminuição da consistência das fezes. Segundo a especialista, os sintomas também podem incluir náuseas, vômitos, dores abdominais e febre.
“Geralmente, esses casos são autolimitados e duram cerca de 14 dias. No entanto, crianças desnutridas, com baixo peso e com condições crônicas de saúde têm maior risco de desenvolver casos mais graves”, informa a referência técnica.
O diagnóstico da gastroenterite aguda é baseado em exames clínicos e anamnese feitos pelo profissional que realiza o atendimento nas unidades de saúde. Em casos de sinais de alerta, como sangue nas fezes ou desidratação, é necessário procurar um serviço de saúde para avaliação médica adequada.
O tratamento dos casos de diarreia em crianças envolve, principalmente, a prevenção de forma a evitar que outras pessoas possam adoecer a partir desse agente infeccioso, e a reidratação com a ingestão de líquidos, seja por meio de soros orais ou, em casos mais graves, por fluidos intravenosos.
“É fundamental que os pais compreendam que a gastroenterite em crianças menores de 5 anos não deve ser considerada apenas uma dor de barriga e, sim, uma condição que requer atenção médica”, reforça Michely Souza.
*Com informações Agência Minas e Portal BHAZ.