Presidente Bolsonaro está em silêncio há 42 horas. Sem compromissos oficiais como chefe do Executivo, ele passa o dia no Alvorada
O presidente Jair Bolsonaro (PL) segue em silêncio após 42 horas da proclamação da vitória do adversário nas eleições 2022 e planeja um pronunciamento para a tarde desta terça-feira (1º/11). Bolsonaro não possui compromissos oficiais hoje e passa o dia na residência oficial, o Palácio da Alvorada.
Ao longo da manhã, recebeu a visita de um dos filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e outros aliados, como o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira; o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior; e o ministro da Defesa, Paulo Sérgio de Oliveira. Braga Netto, candidato vice de Bolsonaro, também esteve no palácio, assim como Valdemar Costa Neto, presidente do PL, sigla do chefe do Executivo. Não há apoiadores no local.
Nesta manhã, circulou a informação de que Bolsonaro teria convidado ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para um encontro no Alvorada antes de reconhecer publicamente o resultado do segundo turno. Oficialmente, porém, o STF não confirma o convite nem a reunião.
Coordenador da campanha do pai, Flávio reconheceu, na segunda-feira (31/10), a vitória de Lula, agradeceu os votos recebidos pelo pai e pediu aos apoiadores que “ergam a cabeça”. Foi a primeira manifestação de um integrante da família Bolsonaro após o resultado das urnas.
O chefe da comunicação da campanha, Fabio Wajngarten, se manifestou nesta terça sobre o resultado do pleito, afirmando que agora “é momento de paz, reflexão e serenidade”.
Às 19h57 de domingo (30/10), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com 100% das urnas apuradas, o petista obteve 50,90% dos votos válidos (60.345.999), enquanto Bolsonaro, 49,10% (58.206.354).
Silêncio sobre 2º turno
Até o momento, o atual chefe do Executivo federal apenas admitiu a derrota ao presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes.
Ao proclamar o resultado das eleições para presidente da República, Moraes relatou ter ligado para os candidatos que concorreram ao pleito.
Apoiadores de Bolsonaro
Apoiadores de Jair Bolsonaro foram do entusiasmo ao choro na Esplanada dos Ministérios na noite de domingo. Em ato para acompanhar a apuração, os manifestantes viram Luiz Inácio Lula da Silva voltar à Presidência, e muitos afirmaram que o pleito foi fraudado.
O movimento teve início mais cedo e começou a ganhar corpo por volta das 18h desse domingo, quando o petista passou Bolsonaro na parcial dos resultados. Nesse instante, o clima foi de desânimo.
Em seguida, apoiadores deram início a uma onda de orações. Às 19h40, com 98% das urnas apuradas, houve revolta. “Não pensem que vamos aceitar uma eleição fraudulenta às custas de fake news e interferência do Judiciário”, disse uma mulher no trio.
Quem rezava em cima do carro de som também pediu oração para que “Deus entre com intervenção no TSE”. Em meio ao público, blogueiros fizeram lives com ataques ao Tribunal Superior Eleitoral e à imprensa.
No carro de som, locutores pediram para que os militantes não fossem embora até o pronunciamento oficial de Bolsonaro. Ele, no entanto, se calou até a tarde desta segunda-feira.
Bloqueio de rodovias
Mesmo após o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmar a decisão do ministro Alexandre de Moraes para que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) desobstrua rodovias bloqueadas, o país amanheceu com 271 ocorrências em estradas nesta terça-feira (1º/11).
Dados divulgados pela PRF nas redes sociais apontam que o país tem 183 pontos de interdição e 88 bloqueios em rodovias de 22 estados e do Distrito Federal. De acordo com a corporação, 192 manifestações já foram desfeitas. Os atos são realizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro contra a derrota do mandatário nas urnas.
Os estados com maior número de ocorrências são o Pará (33 interdições), Mato Grosso (22 interdições), Minas Gerais (12 interdições e seis bloqueios), Paraná (24 interdições e 15 bloqueios), Rondônia (20 interdições), Rio Grande do Sul (15 interdições e 15 bloqueios) e Santa Catarina (39 bloqueios).
*Informações e imagens: Metrópoles