Declaração do presidente ocorre após Casa Branca dizer que o “Brasil está do outro lado de onde está maioria da comunidade global”
Do portal Metrópoles –
Ao comentar sua viagem à Rússia, país que ameaça invadir a vizinha Ucrânia, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta sexta-feira (18/2) que a visita ao país do Leste Europeu não teve o objetivo de “tomar partido”, mas que a agenda internacional tinha “um objetivo específico”, como a exportação de fertilizantes.
“Eu estou muito feliz. Grato ao presidente russo [Vladimir Putin]. A gente pede a Deus que tenhamos paz na região. Eu até falei lá que o mundo é a nossa casa e Deus está acima de todos. Falei a mensagem de paz. Não fomos para tomar partido de ninguém. A nossa missão tinha um objetivo específico”, afirmou Bolsonaro, durante transmissão ao vivo nas redes sociais.
Veja a declaração de Bolsonaro:
“Alguns levaram para o lado de que eu estava apoiando A, B ou C, não devia fazer isso, não devia fazer aquilo. Teve crítica, bastante. Viemos para cá. Ficou (sic) realmente boas impressões e bons negócios”, prosseguiu.
A declaração do presidente brasileiro ocorre após Jen Psaki, secretária de Imprensa do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, criticar a “solidariedade” de Bolsonaro à Rússia e dizer que parece que o Brasil está “do outro lado de onde está a maioria da comunidade global”.
“Não discuti [esse assunto] diretamente com o presidente [Biden], mas eu diria que a vasta maioria da comunidade global está unida em uma visão compartilhada, de que invadir um outro país, tentar tirar parte do seu território, e aterrorizar a população, certamente não está alinhado com valores globais e, então, acho que o Brasil parece estar do outro lado de onde está a maioria da comunidade global”, declarou a porta-voz.
A viagem do presidente brasileiro a Moscou ocorreu em um momento de crise entre a Rússia e a Ucrânia. A instabilidade entre as nações se dá, sobretudo, em razão de a Rússia querer barrar a entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que é liderada pelos Estados Unidos. Segundo o presidente norte-americano, Joe Biden, Putin está na “iminência” de invadir o país vizinho.
Na terça (15/2), a Rússia anunciou a retirada de parte dos militares posicionados na fronteira com a Ucrânia, mas não informou o número de soldados. De acordo com o governo norte-americano, mais de 100 mil soldados estão nas áreas fronteiriças.
No entanto, nesta sexta-feira (18/2), a agência Interfax divulgou que Putin vai supervisionar exercícios militares com armas nucleares neste sábado (19/2). Aleksandr Lukashenko, presidente da Bielorrússia, também participará da ação.
Agenda na Rússia
Na noite de terça-feira (15/2), o presidente desembarcou em Moscou, na Rússia. As agendas na capital russa foram realizadas ao longo da quarta (16/2). Lá, o presidente participou da entrega de flores no Túmulo do Soldado Desconhecido – nome que recebem os monumentos em homenagem aos soldados soviéticos que morreram durante a Segunda Guerra Mundial sem que os seus corpos tenham sido identificados.
Depois, ele se reuniu e almoçou com o presidente Vladimir Putin. Após o encontro, os dois fizeram uma declaração conjunta. Em sua fala, Bolsonaro defendeu a “paz no mundo”. Uma das principais discussões entre os presidentes foi a venda, por empresas russas, de insumos para a produção de fertilizantes agrícolas, que enfrenta escassez mundial. O Brasil importa boa parte desses produtos, tendo a Rússia como um de seus principais vendedores.
Na capital russa, Bolsonaro assinou um protocolo de emenda a um acordo de 2008 firmado entre Brasil e Rússia sobre proteção mútua de informações.
O brasileiro também se reuniu com o presidente da Duma de Estado, órgão equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil e, ao fim do dia, ainda se encontrou com empresários brasileiros e russos.