De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), há hoje no Brasil ao menos 26.660 áreas de risco de deslizamentos, enxurradas, enchentes, inundações e outros fatores de relevo, nas quais vivem em torno de 8,5 milhões de pessoas. Há a expectativa de que essa quantidade aumente a partir de agosto de 2022, quando o IBGE fará novo levantamento. A emissão de novo alerta com alta probabilidade de enxurradas em estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo evidencia o drama dessa população.
O Cemaden monitora hoje os 1.038 municípios que registram mais ocorrências de desastres devido a chuvas e fatores geológicos e hidrológicos, como encostas e rios. São consideradas ainda características demográficas, como renda e tipo de moradia. Os habitantes mais pobres e de regiões com maior população são os mais afetados.
Desde dezembro de 2021, desastres naturais deixaram milhares de pessoas desabrigadas e ocasionaram dezenas de mortes na Bahia. O número de óbitos em decorrência das fortes chuvas que atingiram o sul do estado chegou a 26, com 30.915 habitantes desabrigados e 62.731 desalojados. Além disso, foram registrados 518 feridos e 715.634 pessoas afetadas de alguma forma.
Em Minas, 10 pessoas morreram em uma tragédia na região dos cânions, em Capitólio. Em janeiro deste ano, 3.409 pessoas ficaram desabrigadas e 13.734 ficaram desalojadas devido a chuvas, risco de transbordamento de barragens e deslizamentos de terra.
Novo alerta
Nesta sexta-feira, 11, novo alerta do Cemaden foi emitido para a Região Sudeste. “Considera-se alta a possibilidade de ocorrência de eventos hidrológicos nas mesorregiões Centro Fluminense e Sul Fluminense no Rio de Janeiro; no Vale do Rio Doce e na Zona da Mata de Minas Gerais; e no Sul e Centro do Espírito Santo, devido aos acumulados preexistentes que aumentaram a umidade do solo e/ou a previsão meteorológica de altos acumulados de precipitação”, informou o centro. O órgão também é responsável por alertar moradores, prefeitos e governadores sobre a possibilidade de ocorrência de eventos climáticos ou naturais de grande porte.
Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo têm possibilidade de inundações nas bacias hidrográficas, além de enxurradas e alagamentos urbanos nas regiões metropolitanas.
Região Sudeste
No Sudeste, onde estão as capitais com novo alerta de risco, de acordo com estudo do Cemaden, a cada 100 brasileiros, 10 estão expostos ao risco de desastres. Entre eles, 758,2 mil são crianças e idosos. O índice também inclui 2,1 milhões de mulheres e 2 milhões de homens.
A região é mais populosa e com maior incidência de encostas íngremes, vales profundos e estreitos, florestas degradadas e rios com as margens devastadas e ocupadas. Por isso, é maior a possibilidade de esse território deflagrar processos que produzam risco iminente de desastres naturais decorrentes de excesso de água (deslizamentos em encostas, desmoronamentos, inundações, enxurradas).
“As áreas de risco precisam estar mapeadas. O monitoramento, os alertas feitos e os índices de vulnerabilidade são ferramentas valiosas para apoiar a gestão de risco de desastres e são usados principalmente para reduzir perdas de vidas humanas”, afirmou a diretora substituta e coordenadora de Relações Institucionais do Cemaden, Regina Alvalá.
Na Bahia, por exemplo, a população foi avisada sobre o risco de enchentes. Diante do anúncio prévio, milhares de habitantes foram colocados em abrigos – o que não evitou a destruição das casas, mas salvou vidas.
Os alertas de desastres elaborados pelo Cemaden não são disponibilizados no site da instituição. Os dados são enviados para o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) do Ministério de Desenvolvimento Regional, que os retransmite para os órgãos estaduais e municipais de Defesa Civil para a emissão dos alertas.
Fonte: Metrópoles