Órgãos federais dividem a mesma preocupação: que uma confusão no Aeroporto JK impacte outros terminais país afora
A Secretaria de Segurança do Distrito Federal (SSP), a Polícia Federal (PF), a Inframérica e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República temem que o desembarque do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Aeroporto Internacional de Brasília seja marcado por tumulto e provoque um “nó” na malha aeroviária de todo o país.
A previsão é que Bolsonaro chegue à capital federal por volta das 7h desta quinta-feira (30/3), em vôo comercial vindo dos Estados Unidos (EUA).
Os principais órgãos federais dividem a mesma preocupação e vão agir para tentar evitar que uma possível grande quantidade de apoiadores do ex-presidente no terminal atrapalhe a logística de pousos e decolagens em Brasília, o que pode se transformar em efeito cascata e se refletir em aeroportos de todo o território nacional.
A análise dos órgãos leva em consideração o fato de o aeroporto de Brasília ser um HUB — termo usado na aviação comercial para definir um aeroporto que possui uma rede extensa de voos — e ocupar o segundo lugar no ranking dos mais movimentados do país. O terminal do DF chega a registrar movimento de cerca de 10 milhões de passageiros todos os anos.
Segurança reforçada
O anúncio de que Bolsonaro chegaria na quinta mobilizou a Secretaria de Segurança. A pasta fez reuniões com órgãos diversos para elaborar um plano de atuação que deve ser finalizado nesta quarta (29/3).
A possibilidade de uma multidão se aglomerar para receber o ex-chefe do Executivo nacional deixou as corporações do DF de sobreaviso, principalmente parte do contingente da Polícia Militar. Será o primeiro grande teste da corporação após os atentados contra a democracia de 8 de janeiro, quando muitos integrantes da tropa foram acusados de terem sido coniventes com os golpistas que depredaram as sedes dos Três Poderes.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, informou que a Polícia Federal prepara esquema de segurança no Aeroporto de Brasília, onde Bolsonaro deverá desembarcar na manhã desta quinta (30/3) e é esperada a presença de apoiadores dele. Dino falou sobre os planos em audiência na Câmara dos Deputados, na terça.
Na ocasião, o chefe da segurança pública foi questionado pelo deputado de oposição Carlos Jordy (PL-RJ) sobre a possibilidade de novos atos de vandalismo na chegada de Bolsonaro e quais medidas de prevenção seriam tomadas. O parlamentar sugeriu que a PF cuidasse do aeroporto e das imediações.
De acordo com o ministro, os governos federal e do DF estão se coordenando para dividir as responsabilidades. O objetivo é impedir falhas como as que possibilitaram a invasão das sedes dos Três Poderes em janeiro. “A Polícia Federal vai cumprir a Constituição e a lei. Quem faz policiamento fora do aeroporto é a PM do DF, está na Constituição”, afirmou Dino. “No aeroporto, sim, nós faremos [a segurança]”, garantiu o ministro.
Explanada dos Ministérios fechada e segurança reforçada
Nesta quarta-feira (29/3), véspera da chegada do ex-presidente à capital do país, o esquema de segurança na Praça dos Três Poderes foi reforçado com grades e policiamento.Palácio do Planalto e Congresso amanhecem com grades e reforço policial um dia antes do retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro a Brasília.
No Palácio do Planalto, o estacionamento público foi fechado com grades, e o acesso de servidores e visitantes é controlado. Viaturas da Polícia Militar do DF estão paradas em frente ao prédio, assim como militares do Exército equipados com escudos.
A PM também enviou equipes ao Congresso Nacional, que já conta com policiais legislativos e uma barreira de grades. Na sede do Supremo Tribunal Federal (STF) também militares e grades.