Se engana quem acha que somente o tricô é a especialidade. Diferentes sabores entre bebidas e comidas produzidas na cidade, caem no gosto dos turistas
Torresmo, tutu, arroz e couve. Com certeza ao ler estas palavras você pensou em uma boa comida mineira e até deu água na boca. Certamente, a culinária é uma parte importante da cultura de um lugar. Quem gosta de viajar provavelmente gosta de experimentar comidas típicas.
Nacionalmente conhecida como capital das malhas, Jacutinga, município no Sul de Minas de Gerais, tem muito mais do que malhas e tricôs para oferecer. O município, que tem a economia voltada para o turismo de compras, também oferece aos visitantes e moradores várias opções gastronômicas: comida caseira com produtos artesanais, almoço em meio à natureza, restaurante com fogão à lenha, bares e botecos, cachaça, doces, pão de queijo, além de diversas delícias feitas com milho verde e com o clássico queijo mineiro.
“Ei, me faz aquela porção de torresmo?”
Esse é o pedido mais ouvido pelos funcionários do Restaurante Tijoleiro, localizado há 7 km de Jacutinga, no Distrito de São Luiz. O local – que antes era conhecido como Bar do Tijoleiro, existe há mais de 35 anos, no mesmo lugar, sob o comando dos mesmos donos.
Ainda hoje, continua sendo a parada obrigatória do ramo gastronômico: com preços bastante atrativos. A família Tijoleiro – como gostam de ser chamados, chega a atender cerca de 1.200 pessoas por final de semana (sábado e domingo), oferecendo os mais deliciosos pratos, entre eles, o famoso torresmo a pururuca. Tem também a mandioca frita, a polenta com queijo, frango a passarinho, batata frita, linguiça de porco, rã frita, filé de tilápia, além da leitoa assada para almoços e jantares.
“Nossas porções são todas típicas da nossa cidade, todas as receitas de origem da nossa matriarca – dona Iracy – que começou cozinhando para os colaboradores que faziam parte da Olaria do Tijoleiro; aos poucos ela foi ganhando os corações e também o paladar de todos que experimentavam suas delícias culinárias. Após certo tempo, ela abriu o bar do tijoleiro, que aos poucos foi ganhando mais adeptos de uma boa comida típica mineira e tornou-se o Restaurante que somos hoje”, disse uma das proprietárias, Eliana da Silva Marineli.
Ela conta que o prato mais pedido sempre foi o torresmo. “É a porção queridinha dos nossos clientes, amigos e visitantes que tratamos como se fossem da família, eles vêm e vão e sempre levam um pouquinho de nós e deixam um pouquinho deles conosco; temos amigos e clientes de Jacutinga, Monte Sião, Ouro Fino, Inconfidentes, Bueno Brandão, Pouso Alegre, Borda Da Mata, Albertina, Andradas, Poços de Caldas, Itapira, Mogi Guaçu, Campinas, Espírito Santo do Pinhal, São João da Boa Vista, São Paulo e muitas outras cidades de perto e de longe”, conta a proprietária.
Deliciosas Lembranças
No local, existe também o Empório Tijoleiro, onde é possível ainda adquirir produtos para levar para casa ou presentear os amigos e familiares. Todos os produtos são tipicamente mineiros: queijos, doces, cachaças, vinhos, pimentas, conservas, geleias, antepastos e bala na palha.
A empresária explica que o Empório Tijoleiro foi lançado em 2021 e a ideia nasceu a partir da pandemia do Covid 19, que obrigou o restaurante a trabalhar com número reduzido no atendimento ao público, tendo que ter um controle de fluxo na entrada do restaurante.
“Com isso, começamos a escutar os comentários dos clientes e turistas, que adoravam o local, mas sentiam a falta de um doce, um queijo, uma conserva, uma lembrancinha. Assim começamos a sonhar o Empório, que começamos a idealizar em meados de 2020 e inauguramos em fevereiro de 2021”, acrescenta Marineli.
Capital das malhas também produz cachaça artesanal
Fabricada em engenhos para o consumo de escravos africanos, a cachaça é a bebida destilada mais antiga do Brasil e das Américas. A origem da bebida típica brasileira ainda não é completamente conhecida. O fato é que ela surgiu no início do século XIV, oriunda do processo de fabricação do açúcar.
Há quem diga que com o frio mais intenso, basta um gole de cachaça para esquentar o corpo. Amada pelos fãs de caipirinha, a bebida típica brasileira também pode ser tomada pura. Ela é a segunda bebida alcoólica mais consumida no país – fica atrás apenas da cerveja.
Segundo Antônio Francisco Grassi, proprietário da Cachaça Duxico, uma das cachaçarias mais conhecidas de Jacutinga, presente em diversas cidades do Sul de Minas e Leste Paulista, buscar a fermentação ideal no processo de produção artesanal é essencial.
“Nosso alambique foi fundado em 2004, e hoje comercializamos nossa cachaça em toda nossa região, sendo muito procurada pelos turistas. O segredo da boa cachaça é produzir em pequenas quantidades, com uma cana sempre limpa, uma garapa boa e a fermentação ideal. Com esse processo artesanal, produzimos uma cachaça de excelente qualidade”, explica Grassi.
O alambique Duxico produz uma gama de sabores de cachaça e de licores também. Entre os sabores estão maracujá, morango, mel, cocô, café, milho verde, banana. No cardápio consta ainda a bebida de rapadura, pimenta, cravo e canela, umburana e caninana, que é cachaça pura curtida na raiz de cipó da caninana.
“Uma das mais vendidas é de Carvalho, que é envelhecida em barris de Carvalho. Na produção, não utilizamos produtos químicos, nem para colorir, nem para aromatizar”, afirma.
A cachaça é um produto mineiro e está presente no dia a dia de milhões de pessoas – tá na beira do fogão a lenha, tá na mesa do bar, tá nas celebrações.
Mas não esqueça, beba com moderação.
Pamonha Mineira e de Sucesso
Outro sucesso gastronômico que percorre as ruas da cidade de Jacutinga é a perua móvel do Tião. Seu produto? A pura e tradicional pamonha. Há 15 anos, Sebastião Sérgio Diniz, conhecido por Tião da Pamonha, trabalha vendendo pamonha de porta em porta visitando malharias, casas, e outros locais, porém, nos finais de semana costuma estacionar sua perua em algumas ruas da região central, para facilitar a vendas de seu produto aos turistas.
Nesta época do ano, ele conta que levanta às 2 horas da manhã para dar tempo de começar a vender às 8h.
“O processo começa com: ralar os grãos, temperar, encher a palha, fechar, botar na panela para cozinhar e está pronta a queridinha dos turistas: a pamonha”, conta.
Entre os sabores, estão: queijo, a “Romeu e Julieta” (goiabada com queijo), de coco com queijo, com linguiça temperada, com frango, com presunto e queijo e até com jiló.
“Outros produtos que também fazem sucesso são: o suco, o cural, o bolo com coco, o bolo normal e o bolo salgado. O povo come na rua mesmo, logo cedo e sem nenhuma cerimônia”, conta Tião da Pamonha.
Vila Mineira
Para saborear estes e tantos sabores da gastronomia mineira, na Fest Malhas de Jacutinga existe um espaço especial, a “Vila Mineira”, com espaço amplo oferecendo uma grande variedade de produtos típicos artesanais e espaço para o visitante aproveitar, botecar, se alimentar, descansar de suas compras e ainda tomar aquele cafezinho de Minas.
Serviço
Vila Mineira faz parte da 44ª edição da Fest Malhas
Quando: Entre os dias 16 de junho e 03 de julho
Onde: Palácio das Artes
Endereço: Rua Professor Felipe Augusto Wolf, s/nº
Horário: De segunda a sexta-feira das 8h às 18h; aos sábados, domingos e feriado das 8h às 20h.
Entrada franca
*informações G1