Mesmo com a proibição de atividade homossexual para homens e mulheres no Catar, o país promete que os direitos de todas as pessoas serão assegurados durante a Copa do Mundo 2022. É o que garantiu Hassan Al Thawadi, o secretário-geral do Comitê Supremo para Entrega e Legado do Mundial no Catar.
“Todos serão bem-vindos ao Catar, independentemente de sua raça, origem, religião, gênero, orientação ou nacionalidade”, disse Hassan.
Em entrevista concedida ao ge publicada hoje (6), ele também falou sobre a postura do país com turistas de costumes diferentes, a recepção aos brasileiros, e os direitos humanos no país, sobretudo dos trabalhadores que atuam nas obras para a Copa.
‘Todos serão bem-vindos’
Segundo Hassan, o evento esportivo será destinado a todos os públicos. “Assim como as edições anteriores do torneio, a Copa do Mundo do Catar será um torneio para todos”, afirmou.
Ainda de acordo com o secretário-geral, o país possui experiência em sediar compromissos de grande magnitude. “Já realizamos mais de 600 eventos desde que ganhamos os direitos de sediar a Copa. Repito: todos os fãs são bem-vindos para reservar acomodações e ficarem juntos. A vida privada das pessoas não é nossa preocupação”.
Além disso, ele pediu respeito aos costumes da nação que receberá a Copa do Mundo 2022. “O Catar tem sua própria cultura e tradições únicas. Então esperamos que qualquer torcedor que viajar ao país respeite a cultura e as tradições locais, e aproveite tudo o que o país anfitrião tem a oferecer”, afirmou.
Recebimento de turistas
O profissional também detalhou como o Catar irá lidar com as diferenças culturais em relação aos turistas. Afinal, os visitantes podem divergir em relação ao consumo de álcool e modos de vestir, por exemplo.
“Haverá uma vasta gama de opções culturais e de entretenimento durante a Copa, atendendo a todos os visitantes. O festival em todo o país apresentará mais de 90 eventos especiais. Incluindo áreas de exibição de partidas, festivais de música, exposições culturais e apresentações de rua. Haverá atividades que atrairão todos os tipos de fãs, independentemente de sua formação cultural”, disse Hassan Al Thawadi.
Vestimentas e álcool
“No Oriente Médio, o Catar é bastante liberal quando se trata de códigos de vestimenta para moradores e visitantes, com a adequação sendo fundamental. Roupas de banho nas praias são OK, por exemplo. Mas esperamos que as pessoas (homens e mulheres) se vistam de forma mais modesta quando, por exemplo, forem visitar um museu ou uma mesquita, cobrindo ombros e joelhos”, continuou.
No que tange às bebidas alcóolicas, Hassan disse: “O álcool está disponível no Catar em uma variedade de bares e restaurantes de hotéis licenciados em todo o país, e estará disponível em locais adicionais na Copa do Mundo. Estamos trabalhando com a Fifa e outros parceiros locais para garantir que forneçamos opções que atendam a todos os torcedores, tanto locais quanto visitantes”.
Brasileiros no Catar
Quando perguntado sobre a quantidade de torcedores brasileiros que compraram ingressos para as partidas, Hassan revelou um panorama sobre as diversas nacionalidades que marcarão presença na Copa.
“Fãs que vivem no Catar, Arábia Saudita, Estados Unidos, México, Emirados Árabes Unidos, Inglaterra, Argentina, Brasil, País de Gales e Austrália lideraram o ranking até a última etapa de vendas, garantindo o maior número de ingressos até o momento”, iniciou.
“Os duelos Camarões x Brasil e Brasil x Sérvia também são dois dos nossos jogos com mais ingressos vendidos na fase de grupos. É claro que os fãs brasileiros estão animados e estamos prontos para recebê-los para um torneio verdadeiramente histórico. Estamos muito felizes em ver os fãs brasileiros entre os principais países compradores de ingressos”, comemorou Hassan.
Violações de direitos humanos
Segundo o jornal britânico The Guardian, cerca de 6.500 trabalhadores migrantes morreram no Catar desde que o país venceu o direito de sediar o evento.
Por fim, o secretário-geral do Comitê Supremo para Entrega e Legado do Mundial no Catar falou sobre as violações de direitos humanos no país e defendeu que houve evoluções no tópico.
“Desde que a Copa do Mundo foi concedida ao Catar em 2010, o país fez progressos significativos em relação ao bem-estar dos trabalhadores (…). O sistema de trabalho ‘kafala’ que existia no país foi desmantelado, um salário mínimo não-discriminatório (QAR 1.000, aproximadamente R$ 1,4 mil) introduzido, além da capacidade de mudar facilmente de emprego e sair do país”, lembrou.
Além disso, Hassan Al Thawadi afirmou que o país trabalha em conjunto com a Fifa para assegurar os direitos dos trabalhadores. “Ainda há espaço para melhorias e o bem-estar dos trabalhadores continuará sendo um foco fundamental o tempo todo”, concluiu.