Por Rodrigo Ramthum –
Um tema muito importante e que vem ganhando espaço nos debates da comunidade das artes marciais é a inclusão. É claro que há muito tempo isso já ocorre de forma pontual, mas é inegável que o tema ganhou corpo nos últimos anos e temos, no Brasil e no mundo, ótimos exemplos nos mais variados estilos e escolas.
Ainda quero escrever mais detalhadamente sobre o tema, que rende muito mais do que um post, inclusive entrevistando especialistas e professores que atuam na área, mas, hoje, quero compartilhar uma grande alegria. Meu filho do meio, Herbert Ramthum, de sete anos, é autista. Semanalmente, são diversas terapias com o objetivo de auxiliar seu desenvolvimento motor, cognitivo, emocional etc. Uma delas é o karate-do.
Em 2019, convidei os senseis Paulo Sérgio e Vanlor Junior, que me dão aula na Associação Bushinkan de Karate Shotokan (ABKS), localizada em Taguatinga (DF), para um projeto experimental com um grupo de alunos autistas. Sete crianças, incluindo meu filho, participaram de aulas semanais durante três meses. Foi um período de muito aprendizado e troca de conhecimentos. No entanto, a pandemia da Covid-19 interrompeu a segunda fase da iniciativa. Uma pena, mas segui dando aulas ao Beto.
No começo deste ano, com a reabertura do dojo, as aulas se intensificaram e, este mês, ele participou do seu primeiro exame de faixa. Sim, o programa do exame foi montado para ele, de acordo com suas limitações e peculiaridades, mas isso nem de longe significa algo pró-forma (clicando aqui você pode conferir alguns vídeos). Foi um momento de grande emoção para todos que estavam presentes. Impossível segurar as lágrimas e não pensar em todo sacrifício para chegar até esse momento.
Karate (e as demais artes marciais) é luta, disciplina, camaradagem, conhecimento e, é claro, inclusão. Herbert graduou-se faixa amarela! Persistiu nos treinos, superou medos, rompeu limites e fez por merecer a nova graduação. Agradeço a todos que me apoiaram nessa jornada, que está apenas começando. Oss e até a próxima!