Marco Aurélio Silva, o Coruja, foi preso na primeira fase da Operação Fox, em maio de 2021. No fim do mesmo ano, recebeu o benefício da saída temporária e nunca mais voltou ao presídio. A produção era em alta escala e documentos falsos eram enviados para quase todas as regiões do país.
O Fantástico conta como agia a quadrilha de um homem conhecido como Coruja, um dos maiores falsificadores do Brasil. Segunda a polícia, ele é o fornecedor de uma variedade de documentos fake, os chamados “combos”, para criminosos e foragidos em todo o país.
A operação começou de madrugada, para surpreender a quadrilha chefiada por Coruja. Entre os presos, estão especialistas em falsificação de documentos que ofereciam variedade, como revela um áudio obtido com exclusividade pelo Fantástico.
“Demorô, véio. Faço certidão fria de qualquer lugar, tá ligado? E tiro a identidade quente aí em Minas. Consigo o título de eleitor, consigo o reservista e o CPF. Com a própria foto do cara”, diz Marco Aurélio Silva, 59 anos, o Coruja.
Coruja é o maior falsificador de documentos do país, segundo os investigadores. No ano passado, a polícia apreendeu no laboratório do bandido: 300 telefones celulares, cartões de crédito, dinheiro, carteiras de identidade e papel para a emissão de certidões de nascimento, além de carteiras de trabalho em branco. Tudo falsificado e produzido de forma artesanal.
Em outro áudio, Coruja explica como produz documentos usando dados falsos. Começa com um esquema ilegal, cometido à distância:
“Eu consigo com um cara no Maranhão a certidão de nascimento original, com o nome que quiser. Aí, dá para fazer o RG da pessoa que nunca existiu”, diz o criminoso. É como se ele criasse uma nova pessoa, livre de qualquer pendência com a Justiça.
Em Belo Horizonte, dois empresários também estão sendo investigados, suspeitos de utilizar o CNPJ de duas gráficas. Segundo a polícia, era desta forma que a organização criminosa conseguia acesso a papéis restritos, usados para produzir documentos verdadeiros. Um tipo de material que só pode ser comprado por empresas autorizadas e órgãos do governo.
O esquema também contava com a participação de servidores públicos, e Coruja produzia em alta escala. Enviava documentos falsos para quase todas as regiões do país.
Marco Aurélio Silva, o Coruja, foi preso na primeira fase da Operação Fox, em maio de 2021, na cidade de Itanhaém, no litoral sul de São Paulo. No fim do mesmo ano, recebeu o benefício da saída temporária e nunca mais voltou ao presídio. Ele tem uma longa ficha criminal e falsifica documentos há mais de 20 anos.
No mês passado, a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) realizou a segunda fase da operação: 14 pessoas foram presas, em quatro estados. Coruja não foi encontrado e segue foragido.
“Ele é extremamente perigoso, até pelas conexões que tem com outros criminosos, outras organizações criminosas”, diz o delegado Davi Batista Gomes.