Infectologistas esclarecem o que deve ser levado em consideração no momento de retirar o item de proteção
Do portal Metrópoles –
À medida que o número de pessoas vacinadas contra a covid-19 aumenta, governos de todo o mundo começam a flexibilizar a exigência do uso de máscaras. No Brasil, cinco estados e o Distrito Federal já anunciaram o fim da obrigatoriedade do item de proteção em ambientes abertos.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), retirou a exigência também para locais fechados. O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), aguarda atualizações dos dados da pandemia para definir sobre a flexibilização em locais fechados.
Em Poços de Caldas o comitê de covid-19 tem avaliando o impacto do período do carnaval, tanto em números de internações quanto pela taxa transmissão para que possam ser tomadas novas medidas de flexibilização. A expectativa é de que nas próximas semanas já seja possível debater sobre novas medidas.
Embora a recomendação seja animadora para aquelas pessoas que não veem a hora de abandonar as máscaras, infectologistas afirmam que algumas questões devem ser levadas em consideração antes de se desfazer do item.
“A utilização de máscaras é um dos pilares da prevenção da transmissão da Covid-19, assim como de outras doenças respiratórias, como a influenza”, afirma o infectologista do Hospital Brasília/Dasa, André Bon.
Bon acredita que, com a redução da circulação do vírus Sars-CoV-2, é possível considerar a flexibilização do uso de máscaras especialmente em ambientes abertos, bem ventilados, em que não haja aglomeração de pessoas.
O médico Cesar Carranza, infectologista do Hospital Anchieta de Brasília, afirma que a melhor estratégia para fazer a flexibilização é começar liberando o uso da máscara entre pessoas vacinadas ou em grupos que tenham convivência próxima, desde que estejam ao ar livre.
Todo ambiente aberto é seguro para permanecer sem máscara?
“Nem todo ambiente aberto é seguro”, avalia Carranza. “Os ambientes mais seguros são aqueles ao ar livre nos quais os presentes estejam vacinados e respeitem o distanciamento. Por exemplo, um parque ou uma praia são ambientes mais seguros do que um estádio ou uma arena de shows”, pondera.
Quais características do local devem ser levadas em consideração?
Nem todo ambiente aberto possui as mesmas características. Na hora de tirar a máscara, alguns aspectos devem ser levados em consideração.
“Temos fatores ambientais que influenciam nos riscos: se vamos nos expor a ambientes onde seja possível manter algum distanciamento, se há limites – como paredes, muros – que atrapalham a circulação de ar e a quantidade de pessoas esperadas ou presentes no espaço”, explica Carranza.
Pessoas com esquema vacinal incompleto podem deixar de usar máscara?
O infectologista André Bon, do Hospital Brasília/Dasa, recomenda que as pessoas com esquema vacinal incompleto – com uma ou duas doses – devem considerar fortemente continuar a usar máscara, especialmente porque a proteção contra Ômicron é menos eficaz nesses grupo.
Estudos mostram que a variante de maior circulação no momento consegue escapar da imunidade produzida pelas vacinas mais facilmente do que a Delta. Essa característica pode explicar porque a Ômicron se espalhou mais rápido do que as cepas anteriores.
Vacinados correm menor risco de infecção sem a máscara?
O médico César Carranza explica que qualquer pessoa, seja ela com uma, duas ou três doses da vacina, corre o risco de infecção. No entanto, as que receberam mais doses correm menor risco em comparação às não vacinadas.
“A importância da vacina consiste em proteger de quadros graves, aqueles que evoluem com necessidade de internação e posterior complicação com necessidade de UTI e até ocorrência de óbito”, explica o infectologista.
Quem não deve parar de usar máscara?
As pessoas que correm maior risco de desenvolver quadros graves de Covid-19 ou com pior resposta às vacinas devem continuar a usar as máscaras até que as taxas de circulação do vírus se encontrem em um patamar seguro.
Entram neste grupo os idosos, pacientes com comorbidades, imunossuprimidos graves, como transplantados de órgãos sólidos, transplantados de medula óssea e pacientes com HIV.
“Essas populações ainda vão precisar utilizar máscara durante um período um pouco maior até que a gente tenha a segurança de que a circulação do vírus chegou a uma estabilidade em um nível bastante baixo”, esclarece o infectologista André Bon.
Quando será seguro permanecer sem máscara em ambientes fechados?
“A endemização da Covid-19, que está sendo bastante comentada ultimamente, nos leva a pensar nessa possibilidade. Acredito que essa orientação seja válida hoje em ambientes abertos e, com o passar dos dias e a observação da intensidade dos casos e mortes, poderá ser estendida progressivamente até a liberação total”, avalia o infectologista César Carranza.