Por P.A.Ferreira
Criação à base de nanofibra e composto extraído do açafrão foi desenvolvido pela Embrapa Instrumentação
Investir em pesquisas e desenvolvimento das inovações não é novidade para ninguém, mesmo que o poder público não entenda assim e corte ou reduzida as verbas para tanto. E um dos exemplos da importância vital para a evolução vem da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), setor de Instrumentação do estado de São Paulo, ao aliar a nanotecnologia à biotecnologia.
Foi a partir desta combinação de compósitos biodegradáveis com o açafrão-da-terra, através da extração da curcumina e sua transformação em um pó dourado, que pesquisadores de Embrapa Instrumentação de São Carlos (SP) projetaram um novo modelo de curativo cutâneo multifuncional para tratamento de feridas.
A título de esclarecimento para o público leigo, denomina-se de material compósito ou simplesmente de compósito um material composto por duas ou mais fases, sendo essas de diferentes propriedades químicas e físicas com o objetivo de se obter um produto de maior qualidade.
Conforme observado pelo boletim, embora apresente diversas propriedades medicinais, como atividade bactericida, antioxidante e anti-inflamatória, a aplicação da curcumina é limitada por sua baixa solubilidade e fácil degradação na presença de luz. Para vencer tais barreiras, os pesquisadores criaram um compósito biodegradável, um nanomaterial baseado em membranas poliméricas bicamadas, compostas por fibras eletro-fiadas de poliácido láctico e borracha natural.
Os pesquisadores evidenciaram que o resultado obtido abre caminho para ampliar o uso de curativos multifuncionais nesse modelo, de liberação lenta de compostos bioativos para tratamento de queimaduras e úlceras, por exemplo.
Durante ensaios laboratoriais, os pesquisadores constataram que o curativo evitou a penetração de bactérias por dez dias e demonstrou forte ação antibacteriana contra a Staphylococcus aureus, bactéria geralmente presente em feridas cutâneas e associada a infecções de pele.
A Embrapa já entrou com pedido de patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), o próximo passo é prospectar parceiros interessados em avançar no desenvolvimento do produto e realizar testes em escala para entrada no mercado.
Fonte: Boletim Embrapa