Embora não tenha havido a parte de barracas com comidas típicas e doces, Festa manteve a programação cultural e religiosa, incluindo as celebrações do Dia de Santa Cruz (3 de maio) e a tradicional Retirada dos Caiapós da Mata (11 de maio)
“A festa é a alegria que São Benedito traz para nós que moramos aqui em Poços de Caldas”. Aos 94 anos, Dona Orlanda da Conceição, capitã do Terno de Congo de Santa Bárbara e São Gerônimo, mestra de Cultura Popular pelo Ministério da Cultura, resume bem o sentimento dos devotos de São Benedito, que puderam voltar a se reunir para a procissão e missa solene em homenagem ao Santo Negro, depois da paralisação de dois anos por conta da pandemia da Covid-19.
A procissão e a missa solene, com a participação dos Ternos de Congos e Caiapós, realizadas na manhã desta sexta-feira, 13 de maio, feriado municipal, fecharam a programação cultural e religiosa da centenária Festa de São Benedito em Poços de Caldas.
Os grupos de Caiapós, que representam os indígenas, com suas saias de capim, rostos pintados e espadas de pau, abriram a procissão. Foram seguidos pelo Terno de Congo de São Benedito, Terno de Nossa Senhora do Rosário, Terno de Santa Efigênia, Terno Nossa Senhora do Carmo, Terno de Santa Bárbara e São Gerônimo e Terno Nossa Senhora da Saúde.
Depois dos grupos tradicionais, vieram os andores de Santa Efigênia (ou Ifigênia), santa negra responsável pela difusão do Cristianismo na África, Nossa Senhora do Rosário, e o grande homenageado do dia, São Benedito, ricamente ornado de flores.
De acordo com o Dossiê de Registro do Bem Imaterial Festa de São Benedito de Poços de Caldas, elaborado pela Divisão de Patrimônio Construído e Tombamento da Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, “o Congado é uma dança que lembra a coroação do Rei Congo e da Rainha Ginga de Angola, acompanhado de um cortejo compassado, levantamento de mastros e música. Esta manifestação cultural e religiosa, de influência africana, ocorre em algumas regiões do Brasil, tendo por temas a devoção a São Benedito e o encontro da imagem de Nossa Senhora do Rosário”.
“Uma emoção muito grande por voltar a fazer essa manifestação centenária, que faz parte da história da nossa cidade. É com todo coração que os Congadeiros e os Caiapós estão aqui, recebendo a bênção”, celebra Ailton Santana, o Mestre Bucha, Embaixador do Terno de Congo de São Benedito.
A procissão e a missa são celebrações de grande relevância para os integrantes dos grupos de cultura tradicional que participam da Festa de São Benedito, quando sacerdotes e congadeiros se unem nos rituais. “Essa mistura de significados se congrega no dia de hoje, por isso o apelo forte que São Benedito tem aqui no Sul de Minas”, destaca o Padre José Augusto, Pároco da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, celebrante da missa solene de 13 de maio.
Cultura, tradição e fé
Embora a Festa de São Benedito, com as barracas de comidas típicas e doces, não tenha sido realizada neste ano, assim como em 2020 e 2021, devido à pandemia da Covid-19, a programação cultural e religiosa foi mantida, com início no dia 1º de maio, incluindo as celebrações do Dia de Santa Cruz (3 de maio) e a tradicional Retirada dos Caiapós da Mata (11 de maio).
“A festa representa muito para as nossas manifestações, que vêm de muito tempo. Estamos todos muito felizes por estarmos aqui hoje, já que há dois anos que a festa não é realizada. Todos estamos aqui por devoção a São Benedito e cada Congada traz também seu santo de devoção”, ressalta a presidente da Associação dos Ternos de Congos e Caiapós de Poços de Caldas, Lilia Clementino.
A Festa de São Benedito é registrada como bem imaterial desde 2020. “Hoje é Dia da Festa de São Benedito, momento de celebrar, de preservar e valorizar todas essas manifestações de fé e devoção, tão importantes na formação do povo de Poços de Caldas”, avalia o secretário Municipal de Cultura, Gustavo Dutra.
A Festa de São Benedito é encerrada no dia 13 de maio, feriado municipal, por conta da data de aniversário do Coronel Agostinho José da Costa Junqueira, nascido a 13 de maio de 1846. Ele fez a doação do terreno onde foi construída a Igreja de São Benedito, com a ajuda de fiéis, em agradecimento a uma graça alcançada por intermédio do Santo. Coronel Agostinho Junqueira nomeia a praça em frente à igreja.
*informações Secom Prefeitura