Ceratocone é um problema no olho, que atinge principalmente a população jovem e precisa ser tratado o quanto antes. Descubra o que ele provoca e quais os sinais na visão
Ao contrário de muitas doenças oftalmológicas, o ceratocone costuma surgir na infância, na adolescência ou no princípio da vida adulta. É um problema hereditário que afeta de 1 a 2% dos brasileiros nessa faixa etária. Ele atinge a córnea, tornando a visão embaçada e irregular – a boa notícia é que, nos últimos anos, houve uma grande melhora no tratamento.
Ceratocone é uma enfermidade não inflamatória que afeta a estrutura da córnea, que é uma camada fina e transparente que recobre toda a frente do globo ocular. A principal característica do ceratocone é a redução progressiva na espessura da parte central da córnea, que é empurrada para fora, formando uma saliência com o formato que lembra um cone.
A córnea funciona como uma lente fixa sobre a íris, a área colorida dos olhos, e, através da pupila, projeta a luz sobre a retina. Alterações na transparência e curvatura da córnea podem comprometer a visão. O ceratocone impede a projeção de imagens nítidas na retina e pode promover o desenvolvimento de grau elevado de astigmatismo irregular e miopia.
De acordo com o oftalmologista Rafael Melo, “a causa da doença deve-se a uma combinação de múltiplos fatores, incluindo herança genética e ambientais. A evolução da doença é lenta e normalmente se manifesta entre os 10 e 25 anos, mas pode sim progredir até os 40 anos ou se estabilizar com o passar do tempo”. No brasil a enfermidade atinge cerca de 150 mil pessoas e pode atingir mais um olho do que o outro.
Estágios do ceratocone
- Ceratocone inicial: sintomas são mais leves e podem ser satisfatoriamente corrigidos com o uso de óculos
- Ceratocone segundo grau: os óculos já não corrigem o problema. Observa-se um astigmatismo mais elevado, afinamento e saliência da córnea e o paciente somente consegue manter uma boa clareza da visão se o seu astigmatismo for corrigido com lente de contato rígida
- Ceratocone terceiro grau: a córnea já está bem proeminente, saliente, irregular e bastante comprometida. Nesse estágio, há a necessidade de, em alguns casos, adaptar uma lente gelatinosa por baixo com a finalidade de proteger a córnea, e uma lente rígida por cima, na parte mais externa, que efetivamente corrige o grau
- Ceratocone quarto grau: a lente já não para mais no olho ou a córnea torna-se opaca, o que torna a visão deficiente. Dessa forma, o transplante de córnea é indicado
- Sinal de Munson: É um sinal que pode ser observado em casos avançados da doença, trata-se de um recorte em forma de cunha da pálpebra inferior pela córnea quando o paciente está olhando para baixo
Como não existe um tratamento que seja completamente eficaz contra a doença, a orientação médica é de que “há qualquer sinal de que a visão esteja piorando rapidamente deve-se consultar um profissional. A piora na visão pode ser causada por uma curvatura irregular do olho chamada astigmatismo, o que pode fazer com que o oftalmologista procure por sinais de ceratocone durante exames de rotina”, informa Rafael Melo.
Para diagnosticar a ceratocone, o oftalmologista revisará o histórico médico e familiar, e em seguida realizará o exame refratométrico (medida do grau dos óculos) e a ceratometria (medida da curvatura da córnea). Caso esses exames já indiquem um grau acentuado de curvatura da córnea, exames complementares serão recomendados pelo especialista.
Tipo de tratamento para ceratocone
A doença quando se encontra no estágio leve a moderado pode ser tratado com óculos ou lentes de contato. Para a maioria das pessoas, a córnea ficará estável após alguns anos. Se você tem esse tipo, provavelmente não terá problemas de visão graves ou necessitará de tratamento adicional.
“Os óculos podem ser usados em estágios iniciais do ceratocone. Muitas vezes, é difícil obter uma visão satisfatória por causa de vários fatores da doença, como alto astigmatismo irregular e anisometropia significativa. As lentes de contato, por outro lado, podem oferecer melhor visão, abordando erros de refração e irregularidades da córnea em pacientes com ceratocone”, diz o oftalmologista Rafael Melo.
Entretanto, algumas pessoas com ceratocone ficam com a córnea marcada e o uso de lentes de contato torna-se difícil. Nestes casos, a cirurgia pode ser necessária.
Prevenção
Não há como prever se a condição irá progredir – contudo, a partir do histórico familiar é possível orientar e alertar a família quanto à possibilidade da doença, mesmo com a ausência de sintomas.
Segundo Rafael Melo, filhos de pais com ceratocone devem fazer uma topografia da córnea anualmente a partir dos 10 anos para monitorar a córnea. Mesmo que a topografia da córnea da criança seja normal, ainda é importante realizar o teste com essa periodicidade, uma vez que pode haver mudanças sutis ao longo do tempo que indicam que a doença começou. Com testes anuais, o médico pode comparar os resultados para identificar essas alterações, caso estejam presentes.
Para prevenir o ceratocone, os pacientes devem evitar a fricção dos olhos, já que isso pode danificar o tecido da córneas. Se você tem olhos irritados que fazem com que você esfregue-os constantemente, fale com o seu oftalmologista sobre medicamentos para controlar alergias.