Formado em Filosofia e em Direito com pós-graduação em Função Social do Direito, exerceu a atividade de professor nesta área por alguns anos na Pontifícia Universidade Católica (PUC), campus Poços de Caldas, município do Sul de Minas Gerais, e atua como advogado, em especial, na área do Direito Trabalhista. Claudiney Donizetti Marques é o convidado da “Entrevista Exclusiva” desta semana no “Alô Poços”.
Claudiney Marques tem 54 anos de idade, é casado com Sandra, pai de uma única filha, Beatriz “Bia”, de 22 anos, e está em seu primeiro mandato como vereador, tendo sido eleito em 2020 com 1.040 votos pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
“O que me motiva permanecer na política partidária, pelo menos até o momento, é a hipótese, pelo menos o desejo, de poder contribuir também no âmbito do Legislativo, para uma sociedade mais justa, mais igualitária, mais consciente, mais preparada, enfim, sabendo, claro, que a minha contribuição é uma gota no oceano, mas, se todos contribuírem com sua luta, certamente, será um mundo melhor”.
Vereador Claudiney Marques (PSDB).
Alô Poços – Como entrou para a política e o que lhe motiva a seguir nela?
Vereador Claudiney Marques – Nós somos seres políticos, essencialmente. Em 1990 eu entrei para a doutrina espírita, para o movimento espírita, e, desde lá, atuando na Casa do Caminho, uma obra social que nós inauguramos lá na zona Sul em 99 e, sempre ali, atuando, lidando com as pessoas, com a comunidade, isso é fazer política no melhor sentido da palavra.
Eu sempre tive convites para participar da política, dos mais diversos partidos, das mais diversas ideologias, mas, efetivamente resolvi participar em 2016 e, agora, em 2020 com a eleição pelo PSDB.
O que me motiva permanecer na política partidária, pelo menos até o momento, é a hipótese, pelo menos o desejo, de poder contribuir também no âmbito do Legislativo, para uma sociedade mais justa, mais igualitária, mais consciente, mais preparada, enfim, sabendo, claro, que a minha contribuição é uma gota no oceano, mas, se todos contribuírem com sua luta, certamente, será um mundo melhor.
“O servidor, enquanto agente administrativo, ele deve ter este poder, esta fé pública, não tendo que ser exigido ao usuário do serviço público, a todo momento, ir no cartório para autenticação disso e daquilo, reconhecimento de firma e etc., então, está em votação e deve ser votado agora em segunda votação na próxima sessão este estatuto da burocratização”
Vereador Claudiney Marques (PSDB), sobre seu projeto que prevê o Estatuto da Desburocratização.
Alô Poços – Primeiro mandato como vereador, o senhor está conseguindo colocar seus projetos em prática? Como está sendo ser vereador?
Vereador Claudiney Marques – Projetos em andamento, eu tenho cinco, inclusive agora, quinta-feira, entrou em votação o chamado estatuto da desburocratização, que visa, justamente, facilitar essa dinâmica da documentação exigida. O servidor, enquanto agente administrativo, ele deve ter este poder, esta fé pública, não tendo que ser exigido ao usuário do serviço público, a todo momento, ir no cartório para autenticação disso e daquilo, reconhecimento de firma e etc., então, está em votação e deve ser votado agora em segunda votação na próxima sessão este estatuto da burocratização.
Tem um outro projeto, que eu acho muito interessante, que é o atendimento prioritário de pessoas que estão em tratamento oncológico, por exemplo, dentre outros que não vou lembrar agora, mas, no ano passado a CPI trouxe um resultado, na minha opinião importante também, com a lei que foi aprovada.
Então, em termos de lei, de projetos de lei, é basicamente isso, ainda que eu entenda também que já existe lei para muita coisa, haja lei nesse país, tanto que, na hora de criar um projeto de lei ali na Câmara, se você não tiver cuidado, você faz um projeto, usa toda a estrutura da Câmara, toda a assessoria, tramitação, só que, ainda que projeto não seja propriamente inconstitucional, mas já existem leis federais que prevê aquele mesmo objeto.
Então, eu entendo que menos leis e mais efetividade na sua execução.
“Que nós tenhamos subsídios, sim. A Prefeitura vai ter que fazer sim, um esforço a mais. Novas contas [cálculos], equações, mas, esse subsídio tem que existir para que nós consigamos ter novamente, aquele transporte público que nós tínhamos dois, três anos atrás, com linhas, com horários”.
Vereador Claudiney Marques (PSDB), sobre a questão do transporte público e pagamento de subsídio pela Prefeitura.
Alô Poços – Vereador, o transporte público tem sido grande preocupação e motivo de muitas críticas. Também há muita controvérsia na manutenção da prestação do serviço emergencial do transporte público coletivo urbano pela empresa Auto Omnibus Circullare ao passo que a empresa Floramar já deveria ter começado a operar na cidade. Como o senhor avalia a situação do transporte público em Poços de Caldas, o valor da tarifa e qual sua sugestão para resolver o problema?
Vereador Claudiney Marques – Em relação ao transporte público eu entendo assim, esse é um problema sério, atualmente, no âmbito das cidades, especialmente cidades de pequeno e médio porte, e cidades de médio e grande porte, porque as empresas do transporte público, elas não tem mais condições de bancar sozinhas com o custo operacional do transporte público. Isto está claro.
Os subsídios existem e são necessários. Votei, inclusive, a favor do subsídio em dezembro [de 2021], lamentei não ter sido aprovado, lamentei muito porque no final das contas quem vai pagar conta ou quem está pagando a conta é a população, especialmente aquela menos favorecida.
De dois anos para cá, com a pandemia, com o desequilíbrio desta relação receita e despesa, o aumento brutal do diesel, mais de 60% no ano passado, se não me engano. Então, as contas não fecham, ou seja, necessariamente tem que ter subsídio. Eu entendo que se um serviço essencial.
Então, quando você pergunta no final. Qual a minha opinião para a solução? Que nós tenhamos subsídios, sim. A Prefeitura vai ter que fazer sim, um esforço a mais. Novas contas [cálculos], equações, mas, esse subsídio tem que existir para que nós consigamos ter novamente, aquele transporte público que nós tínhamos dois, três anos atrás, com linhas, com horários.
Eu acho que nós não temos como fugir disso. Então, novamente, agora em maio, quando essa empresa, e nós esperamos que dê tudo certo, assumir de vez o transporte aqui em Poços, essa discussão novamente volta à tona e nós temos que ser realistas.
Ou então, considerando tantas outras alternativas que existem atualmente, reavaliar a própria existência do transporte público em Poços, porque nós nos acostumamos com um bom transporte público e nós queremos, novamente, aquele mesmo padrão. Se, queremos precisamos reavaliar todo o processo.
Alô Poços – Como é a sua relação com o prefeito e, na sua visão, o que esperar dessa administração?
Vereador Claudiney Marques – A minha relação com o prefeito Sérgio Azevedo é uma relação boa, uma relação que me permite estar com ele regularmente, sentando para conversar sobre alguns projetos, algumas indicações que eu tenho feito.
Sempre me recebeu com respeito, com educação, me ouvindo, me prometendo algumas coisas, algumas vezes ele tem realizado, outras talvez não seja possível.
Mas, a minha relação com ele é muito boa nesse aspecto, sim, e é uma relação estritamente profissional.
Alô Poços – A Rodovia Geraldo Martins Costa (LMG-877) – rodovia do Contorno, de responsabilidade do governo estadual, tem registrado inúmeros acidentes e é motivo de muitas críticas e reclamações. O senhor, juntamente com os demais vereadores, já tentou intervir junto ao governo Zema para que este problema seja resolvido? Como está sua articulação junto ao Estado para que os problemas sejam sanados?
Vereador Claudiney Marques – A Rodovia do Contorno é uma área que está dentro da jurisdição estadual. O que eu tenho feito, dentro do possível, porque nós temos várias limitações, nós vereadores, várias, muitas, muitas. Então, é assinar, conjuntamente com os colegas, moções de apelo, que nós sabemos que tem muito pouca eficácia, para não dizer que não tem nenhuma. Mas, pelo menos, formalmente, é o Legislativo sinalizando lá, para o DER, a sua insatisfação com essa situação atual, que é triste, que fala da ineficácia do serviço público, inclusive na hora de conceder o serviço, porque a empresa que operou o trabalho, o serviço de recapeamento e de reconstrução da estrada, errou claramente, no momento da execução serviço e quem está pagando o pato, neste momento, é o usuário da pista, da rodovia.
Mas, o que eu tenho feito é isso, o que eu posso fazer, não tem mais o que fazer senão assinar moções de apelo.
Alô Poços – O seu mandato está voltado para uma região ou setor da cidade em especial? Quais benefícios e melhorias já foram alcançados para a população e quais projetos estão em andamento?
Vereador Claudiney Marques – O meu mandato não está focado numa região específica. É claro que eu dou, dentro do possível, uma atenção maior para as questões mais próprias ali do Conjunto [Cohab] da zona Sul, São Sebastião, mas não necessariamente.
Quanto aos benefícios que eu já tenha conquistado, eu entendo que o que efetivamente importa para o vereador, no sentido mais prático, são as indicações, é claro que a função principal é a fiscalização, o que nós fazemos a partir dos pedidos de informação, mas, na prática, o que resta para o vereador são as indicações, então, coisinhas pequenas, a reforma da praça, o tapa buraco, o redutor, essas coisas todas, são coisas pequenas, mas, quando você consegue, como temos conseguido sim, e é por esse motivo também que é importante essa relação de reciprocidade, uma coisa que muitas vezes as pessoas não refletem, sobre relação de reciprocidade, eu tenho que ter uma boa relação com o Executivo, e ele [Executivo], naturalmente, tem uma boa relação comigo, especialmente, na realização das indicações, porque, no final das contas, é a população que se beneficia quando a estrada ou a rua é recapeada, o redutor é efeito, a praça é reformada.
Então, eu entendo, essa é a minha compreensão, que eu tenho que ter uma boa relação com o prefeito e com o secretariado dentro desta lei de reciprocidade. Eu faço a minha parte eles fazem a deles, e é por isso que eu tenho conseguido, na minha percepção, boas conquistas para a população, especialmente, no âmbito das indicações, pequenos atos, pequenas iniciativas têm sido realizadas e isso, é claro, no curso de quatro anos, me parece, promove, melhora, coopera, atenua problemas, basicamente é isso.
Alô Poços – Qual a sua avaliação em relação à gestão do prefeito Sérgio Azevedo, do governador Romeu Zema e do presidente Bolsonaro?
Vereador Claudiney Marques – Na minha opinião, tanto o governo Sérgio, quanto o governo Zema, quanto o governo Bolsonaro, eles são governos que trazem as suas imperfeições, como trazem também as suas virtudes.
É impossível, talvez, não existirá um governo perfeito. Todos eles, sejam estes, sejam os que vieram antes, tem suas dificuldades, os seus desafios. O sistema é difícil, o entrechoque, os interesses que são muitos, das mais diversas categorias. É um intrincado, é um complexo muito grande.
Hoje, eu tenho um pouco mais de compreensão sobre isso, como é difícil governar, como é difícil governar, a vantagem que eu vejo, então, pra finalizar essa pergunta, nesses governos, Sérgio Azevedo, Zema e Bolsonaro, é que não há corrupção.
Eu leio bastante sobre, venho acompanhando, e corrupção, à maneira como existia no passado, em outros governos, nesses nós não temos. Então, isso já não é pouco, absolutamente, então, nesse aspecto, especialmente, eu tenho um olhar positivo para esses três governos.
Alô Poços – O senhor pensa em se candidatar a deputado neste ano ou já tem candidato para essas eleições? Qual recado gostaria deixar a população de Poços de Caldas e do Sul de Minas com vistas às eleições?
Vereador Claudiney Marques – Eu não venho como candidato a deputado. Tenho uma trajetória muito recente na política partidária e ainda não tenho quem apoiar.
Gostaria, sim, de poder apoiar ostensivamente algum candidato, porque tenho os meus contatos, as minhas influências, mas, não tem nada ainda delimitado.
Os candidatos, aparentemente, são muitos e a gente sabe que esse é um problema, porque onde tem muitos candidatos a chance de eleição é pequena. Então, eu vou aguardar, aguardar a dinâmica, a movimentação dos atores políticos.