Por Tiago Monteiro Tavares e João de Carvalho –
Hoje (10), a entrevista exclusiva do Alô Poços é com o vereador reeleito Lucas Arruda (REDE), que fala sobre sua experiência na política, as dificuldades encontradas, a mudança de grupo político, as demandas da Zona Rural e sobre as eleições de 2022.
Lucas Carvalho de Arruda tem 33 anos, nascido na Zona Rural de Poços de Caldas, foi criado nas fazendas Sete Quedas e Cachoeirinha, e está em segundo mandato na Câmara Municipal, reeleito em 2020.
Arruda estudou nas escolas Municipais Dona Lúcia Sacoman Junqueira (Fazenda Aparecida), na Escola Municipal José Avelino de Melo (Fazenda Lambari) e na Escola Estadual Prof. Arlindo Pereira – Polivalente. Foi Presidente do Grêmio Estudantil aos 12 anos, na Escola José Avelino de Melo, e trabalhou dos 12 aos 19 anos na área rural.
Foi, ainda, diretor financeiro no programa “Empresários para o Futuro”, da Alcoa, e Integrante do grêmio estudantil da Escola Polivalente. Atuou como um dos líderes no Movimento “Meio Passe Universitário” (desconto de 50% na passagem de ônibus para universitários) e um dos líderes do Movimento “DCE Decente,” que exigia transparência no Diretório Central dos Estudantes da PUC.
Formado em Administração pela Unifeob/PUC, foi presidente do Diretório Acadêmico de Administração da PUC e eleito com 88% dos votos presidente do DCE da PUC, tendo sido presidente por dois mandatos.
Foi estagiário em planejamento financeiro na empresa Phelps Dodge e tem experiência de 8 anos nas assessorias legislativas Municipal, Estadual e Federal.
“Já no segundo ano de governo, no mandato passado, conseguia identificar muitas divergências nas formas de trabalhar com o prefeito e fui moldando minha atuação na Câmara de forma independente, mesmo estando, naquele momento, na qualidade de situação, votei contra projetos que entendia não ter a finalidade adequada e atuei em articulações para evitar a aprovação de matérias que entendia serem prejudiciais à população, como, por exemplo, quando o prefeito tentou aumentar o IPTU por meio de decreto”.
Vereador Lucas Arruda (REDE).
Alô- Vereador qual está sendo sua motivação para continuar a ser representante do povo?
Lucas – Desafios sempre me estimulam. Um segundo mandato foi um desafio novo para continuar e aprimorar essa representação da população de Poços de Caldas. Buscar um governo municipal que ouça mais, seja transparente e eficiente é meu objetivo.
Alô- O senhor é o vereador mais ligado ao ex vice-prefeito Flavio faria. Dentro do seu grupo, como foi a saída do grupo do governo do prefeito Sérgio Azevedo (PSDB) e quais são os próximos passos do grupo de vocês, hoje n oposição?
Lucas – Já no segundo ano de governo, no mandato passado, conseguia identificar muitas divergências nas formas de trabalhar com o prefeito e fui moldando minha atuação na Câmara de forma independente, mesmo estando, naquele momento, na qualidade de situação, votei contra projetos que entendia não ter a finalidade adequada e atuei em articulações para evitar a aprovação de matérias que entendia serem prejudiciais à população, como, por exemplo, quando o prefeito tentou aumentar o IPTU por meio de decreto. O que afastou os dois grupos foram decisões de caminhos para cidade e projetos, decididos exclusivamente pelo prefeito, sem discussão com o grupo que ajudou a elegê-lo. Hoje, temos dois vereadores na Câmara, buscamos ser uma oposição propositiva, nunca “oposição por oposição”, aquilo que entendemos ser justo, legal e efetivo, sempre terá nosso apoio.
“Entendo muitas posições políticas, isso faz parte do processo, mas uma votação como a emenda de R$ 6 milhões ao Orçamento municipal que eu e o vereador Tiago Braz apresentamos para início do Hospital do Câncer ser derrotada, por questões políticas, fiquei extremamente chateado e me fez repensar muita coisa”.
Alô- Você foi um dos únicos vereadores reeleitos nesta legislatura e um dos mais votados nas duas eleições que foi eleito, como avalia isso? Como avalia essa nova legislatura?
Lucas – Avalio a reeleição como sendo mais difícil do que a eleição para o primeiro mandato. O processo eleitoral de 2020 foi totalmente diferente, com o número de candidatos a vereador cerca de 30% maior do que em 2016. A população confiou mais uma vez no meu trabalho e a oportunidade de representá-los é extremamente gratificante. Fico honrado e ao mesmo tempo tenho a consciência do que esperam de mim, do meu trabalho, do compromisso que tenho, que sem dúvidas é um trabalho redobrado.
Vejo essa nova legislatura em processo de adaptação, cada um vem de uma realidade diferente e ali somos 15 representantes que, em tese, deveriam buscar o melhor para população. Entendo muitas posições políticas, isso faz parte do processo, mas uma votação como a emenda de R$ 6 milhões ao Orçamento municipal que eu e o vereador Tiago Braz apresentamos para início do Hospital do Câncer ser derrotada, por questões políticas, fiquei extremamente chateado e me fez repensar muita coisa. Neste caso, o bem da cidade ficou em segundo lugar, isso doeu muito, pois as justificativas foram incoerentes.
Alô- Uma das suas principais bandeiras é a zona rural, as melhorias nessa região. Hoje, quais críticas e melhorias o senhor faz da gestão do Prefeito Sérgio para essa região?
Lucas – Nasci, cresci e trabalhei na Zona Rural até meus 19 anos, tenho um carinho muito especial e busco estar em sintonia com suas necessidades.
As estradas rurais tem uma boa parte que é asfaltada, mas estão em estado crítico, não absorvendo mais tapa buracos. Destaco trechos como do meia lua até a Fazenda Curitiba, o trecho da Ponte do Lambari até o Rolador, trechos nas comunidades Souza Lima, Zanette e Boa Vista, parte interna do Córrego Dantas, dentre outros. Uma coisa que sempre defendi é começar a asfaltar ou arrumar a entrada de propriedades rurais, isso ajudaria e colaboraria muito com os produtores e tem lei para isso, mas a Prefeitura não faz, assim como disponibilização de cascalhos. Outro problema é a ampliação da construção de cacimbas para auxiliar na retenção de águas para o lençol freático. Fomentar a produção de culturas alternativas para aumentar a diversificação, criar feira de orgânicos assim como incentivos para proteção de nascentes.
Tivemos, em anos anteriores, negativas de secretários municipais em atender demandas da Zona Rural por questões politicas, mesmo tendo um vice-prefeito com muita inserção nessa área, era um movimento de não atender para prejudicá-lo quando, na verdade, quem é prejudicado é a população.
Um avanço importante que ocorreu nesse ano foi a ampliação dos valores do PAA, Programa de Aquisição de Alimentos da agricultura familiar, seguindo um anteprojeto de minha autoria, ainda na legislatura passada. Importante também foi a criação de um fundo, em 2019, para ações na Zona Rural. Internet boa para todos ainda é um desafio grande na Zona Rural.
Precisamos avançar também na regularização de loteamentos rurais, para garantir mais qualidade de vida aquela população e que ela permaneça morando lá. Mais máquinas para atender produtores, investimentos em esporte e lazer também estão em falta. O transporte público de concessão da Prefeitura, que é a linha Integração Fazendas, não está ativa desde o início da pandemia, o que é muito ruim para mobilidade dessa população. Um outro ponto crítico é a ETE I, estação de tratamento de esgoto, que trata 70% do esgoto da cidade e tem trazido transtornos aos moradores da comunidade Córrego Dantas. Necessita de ações para minimizar os impactos e obras de compensação para a região como ampliação da ponte, novo asfalto, entre outras melhorias.
“A Pandemia salvou o Prefeito. Mascarou todos os problemas que cidade tinha e tem. Veio um volume grande de recursos e, como foi uma comoção e alerta mundial, conseguiu também impactar não só em Poços, tanto que a taxa de reeleição de prefeitos no país foi de 63%, enquanto que em 2016 foi de 46%”
Alô- A Pandemia foi um fator positivo ou negativo na gestão do atual prefeito? Como avalia a gestão na saúde, já que essa também é uma das suas principais bandeiras políticas?
Lucas – A Pandemia salvou o Prefeito. Mascarou todos os problemas que cidade tinha e tem. Veio um volume grande de recursos e, como foi uma comoção e alerta mundial, conseguiu também impactar não só em Poços, tanto que a taxa de reeleição de prefeitos no país foi de 63%, enquanto que em 2016 foi de 46%.
No início foram atitudes acertadas, visto que não tínhamos muitas informações. Porém, com o passar do tempo, foi ficando claro que as decisões eram pautadas mais nas conveniências políticas do que em dados científicos. Muitas decisões foram questionadas na Câmara, os embasamentos técnicos e as respostas eram muito vagas.
A crítica que fiz durante todo tempo de pandemia foi relacionada ao monitoramento dos infectados e o rastreamento dos seus contatos. Defendi, sempre que, assim, poderíamos ter investido um recurso muito maior em garantir que esses infectados e potenciais infectados ficariam em isolamento, enquanto as outras atividades poderiam funcionar com todas as limitações. Faltou um controle com os isolados, para prever uma futura internação, não o tratamento precoce, mas se adiantar intervenções na segunda fase da doença de forma correta, incluindo a disponibilização de mais exames de tomografia para a maioria e aparelho de medição do oxigênio no sangue. Tinha dinheiro para isso, e era possível a contratação de equipes para esse monitoramento.
Alô- Em 2018, você foi cotado a sair candidato a Deputado Estadual, mas acabou não indo. Em 2022, podemos esperar o vereador Lucas Arruda como candidato a deputado ou esperamos em 2024 como candidato a prefeito?
Lucas – Hoje, o meu foco é realizar o melhor mandato possível enquanto vereador. Mas como a política é dinâmica, recebi o convite do meu partido para ser candidato a Deputado Federal. A possibilidade de trabalhar ainda mais por Poços e região me deixa muito feliz e entusiasmado. A decisão envolve a análise de muitos aspectos, sendo necessária a realização de discussões conjuntas e construção coletiva, mas possibilidade é real.