Por Tiago Monteiro Tavares e João de Carvalho –
Em entrevista exclusiva ao Alô Poços, Marcelo Heitor (PSC), presidente da Câmara Municipal de Poços de Caldas, maior cidade do Sul de Minas, fala sobre sua vida dentro da política, sua gestão à frente do Poder Legislativo municipal e os novos projetos, como uma possível candidatura em 2022 a deputado, representando Poços. Ele explica quais são os novos passos que a Câmara irá tomar e faz uma avaliação da pandemia e da gestão do Prefeito Sérgio Azevedo (PSDB).
“Este ano a Câmara aprovou vários projetos importantes para o nosso município. A Câmara fez um repasse de um milhão e meio de reais para cirurgias eletivas do Poços +Saúde, que são recursos de economia da Câmara, em parceria com a Prefeitura, destacando também a aprovação de dois importantes projetos, o “Poços Juro Zero” e o “Recupera Poços”, e também aprovamos projetos de vindas de empresas que vão gerar centenas de empregos na nossa cidade”.
Marcelo Heitor da Silva tem 41 anos, filho de Orlando e Ordilia, caçula de uma família de três irmãos, é casado com a advogada Cinthia Costa Mendes Silva e pai do Daniel. Sua primeira infância foi em Bandeira do Sul, mas com sete anos mudou-se para Poços de Caldas juntamente com seus pais e os dois irmãos. Ainda muito jovem começou a trabalhar no comércio local e aos 14 anos teve seu primeiro registro em carteira.
Anos mais tarde, mudou-se para os Estados Unidos onde viveu por aproximadamente cinco anos. Por lá, trabalhou na construção civil, entregou pizza e também aprendeu um pouco sobre a língua e cultura americana. Retornando a Poços, iniciou trabalhos na área da construção civil, no ramo imobiliário e deu início ao projeto da Livraria Luz e Vida.
Graduado em Administração de Empresas e Processos Gerenciais pelo Centro Universitário Internacional (Uninter), Marcelo também é proprietário da Livraria Luz e Vida, onde lida com as potencialidades e desafios do comércio de Poços desde 2006. Ele também já atuou na área social e esportiva por meio da Coordenação da escolinha de Futebol Infantil do Society Azaleias.
Cristão, Marcelo Heitor é membro e Presbítero da Igreja Presbiteriana Independente de Poços de Caldas, onde exerce funções de liderança, ensino e promoção social. Em 2016 recebeu o convite para filiação partidária e, assim, disputou as eleições municipais, tendo sido eleito vereador pelo Partido Social Cristão (PSC) com 987 votos, tomando posse em 1º de janeiro de 2017. Em 2020, foi um dos quatro parlamentares reeleitos para um novo mandato e, no começo de 2021, foi eleito entre os pares para comandar a Câmara Municipal no biênio 2021/22. Confira:
Alô: Presidente, como tem sido o desafio de estar à frente da Câmara Municipal de Poços de Caldas?
Marcelo: Primeiro quero desejar sucesso nessa nova empreitada, nesse novo no canal de comunicação, o Alô Poços. Nós estamos em momento muito difícil, ainda estamos no momento da pandemia. Quando iniciou 2021 e eu tive o privilégio de estar aqui representando a Câmara, na maior cidade do Sul de Minas, para mim foi e é uma grande honra, mas ao mesmo tempo um grande desafio. Até você começar a encaixar as coisas há algumas dificuldades, mas a gente conseguiu superar elas e caminhamos muito bem. Com relação a pandemia, tivemos dois focos: a saúde em paralelo com o setor produtivo da nossa cidade.
Este ano a Câmara aprovou vários projetos importantes para o nosso município. A Casa fez um repasse de um milhão e meio de reis para cirurgias eletivas do Poços +Saúde, que são recursos de economia da Câmara, em parceria com a Prefeitura, destacando também a aprovação de dois importantes projetos, o “Poços Juro Zero” e o “Recupera Poços”, e também aprovamos projetos de vindas de empresas que vão gerar centenas de empregos na nossa cidade.
Alô: Quais são as prioridades e principais projetos de sua gestão e também do seu mandato?
Marcelo: Além das duas prioridades que citei, a saúde e a recuperação econômica, eu tinha comigo que a Câmara Municipal tinha que avançar em alguns pontos, dentre eles a parte da comunicação da Casa mesmo. Precisamos mostrar nosso trabalho para que a população possa entender a importância do Legislativo. Fazer a população compreender que aqui o vereador tem um papel muito importante nas decisões da nossa cidade, muitas vezes a gente percebe que, de modo geral, as pessoas acabam entendendo as ações principais apenas como sendo do Executivo. Mas sem esse alinhamento o Executivo não consegue caminhar, progredir com ações e a Câmara do mesmo jeito.
A população precisa entender isso. Eu quero valorizar a comunicação da Casa e entendo que a comunicação de vocês, da imprensa, tem um papel muito importante que é esse elo entre o Poder Legislativo e a população. Inclusive com a participação da população mesmo no momento de pandemia. Nós percebemos que a população começou a entender melhor esse trabalho. Todos os presidentes que passaram certamente deixaram as suas contribuições. Quero deixar a valorização do papel do poder público e da Câmara Municipal para a população. A Câmara merece ter esse protagonismo na cidade e em suas discussões.
“Na minha avaliação, o Município de Poços de Caldas soube conduzir bem esse momento, com ações certeiras, sabendo gerir os recursos públicos, como o Hospital de Campanha que foi preparado antes, em um momento que a população não estava entendendo a sua necessidade. Depois, constatamos que o Hospital de Campanha foi crucial no atendimento da população na pior parte da pandemia aqui no município”.
Alô: Como o senhor avalia a gestão da pandemia em Poços? O que faltou na condução da crise sanitária?
Marcelo: Eu vejo que Poços de Caldas foi um exemplo não apenas para a nossa região, mas para todo o país por sua condução da pandemia. Nós temos lá o secretário municipal de Saúde, Doutor Carlos Mosconi, uma grande liderança e grande conhecedor do sistema público de saúde, inclusive participou da formação do SUS. Nós temos esse privilégio de ter tido essa condução de uma Secretaria muito competente. Tivemos a Prefeitura e a Câmara Municipal abraçando as medidas, nesse momento que pegou todo mundo de surpresa. Conseguimos passar ele de forma um pouco mais tranquila. Na minha avaliação, o Município de Poços de Caldas soube conduzir bem esse momento, com ações certeiras, sabendo gerir os recursos públicos, como o Hospital de Campanha que foi preparado antes, em um momento que a população não estava entendendo a sua necessidade. Depois, constatamos que o Hospital de Campanha foi crucial no atendimento da população na pior parte da pandemia aqui no município. Por exemplo, nós não tivemos aqui dentro da nossa cidade nenhuma pessoa que precisou ser transferida de cidade por falta de atendimento.
“Estamos finalizando o processo de licitação nos próximos dias e já deve ser publicado o processo do edital e o chamamento da licitação. Já temos empresas que apresentaram propostas para um novo sistema, para trazer a Câmara para um novo momento, um novo patamar”.
Alô: O sistema da Câmara que controla o processo legislativo é muito antigo e ultrapassado, com poucas opções para o acompanhamento pela sociedade e a adoção da chamada transparência total. Como está a licitação para a substituição do sistema eletrônico da Casa e quais são os entraves para sua implementação?
Marcelo: Isso foi uma das prioridades que adotamos lá no início, quando assumi a presidência. Era algo que estava dificultando muito o trabalho não só internamente, mas para toda a população. Estamos finalizando o processo de licitação nos próximos dias e já deve ser publicado o processo do edital e o chamamento da licitação. Já temos empresas que apresentaram propostas para um novo sistema, para trazer a Câmara para um novo momento, um novo patamar. Lembrando que hoje podemos dizer que a Câmara Municipal é uma mini Prefeitura tamanha demanda. De fato, precisamos ter um sistema melhor, que também traga uma economia, pois com uma eficiência melhor nos trâmites, pode ajudar inclusive em menos servidores, menos gasto público. Nós entendemos que isso é importantíssimo e espero que, já no final deste ano ou no começo do outro, tenhamos esse novo sistema implantado.
“Nós precisamos entender que o investimento é necessário para que possamos prestar um bom serviço para população e esse investimento também passa pelas pessoas. Nós já estamos preparando o novo projeto com um plano de carreira, para remodelar as necessidades da Câmera”.
Marcelo: Sim, nós temos que repensar a Câmara Municipal com muita responsabilidade. Recentemente, nós conseguimos fazer o repasse para área da saúde nas cirurgias eletivas, de R$ 1,5 milhão, fruto da economia da Casa, que possui estrutura enxuta. Mas eu acho que nós temos um certo equilíbrio. Porque nós precisamos entender que o investimento é necessário para que possamos prestar um bom serviço para população e esse investimento também passa pelas pessoas. Nós já estamos preparando o novo projeto com um plano de carreiras, para poder remodelar as necessidades da Câmara. Também estamos preparando um outro projeto, para o próximo ano, para a realização de um novo concurso público para trazer um pouco mais de estrutura humana, para ampliar a prestação de serviço à população.
Alô: O senhor está empenhado na revisão do Plano Diretor, que está sem revisão desde 2006 e, portanto, 5 anos atrasado em relação à previsão Constitucional. Quais são suas perspectivas para análise desse importante projeto para o desenvolvimento sustentável da cidade?
Marcelo: Um dos principais projetos que a gente tem é o do Plano Diretor, algo que precisa ser revisto e nós temos esse desafio. Como outros que nós conseguimos superar, esse também precisa ser. Nós tivemos uma Audiência Pública e já agendei mais uma para o dia primeiro de dezembro. Fiz um comunicado tanto para a sociedade como também para os representantes de classe, para que eles pudessem protocolar até o dia 30 de novembro, sugestões e propostas, para que essas ideias possam auxiliar na tomada de decisão e na melhoria do Plano Diretor. Temos uma perspectiva de aprovar o novo plano a partir do momento que tiver tudo definido, mas o quanto antes. Como estamos caminhando para o final de novembro, acredito que a votação no Plenário aconteça ainda este ano ou, no máximo, no começo do próximo ano. Nossas assessorias já estão finalizando todos os pareceres, apontando mudanças, pequenas correções. A proposta passa também pela relatoria e, enquanto Presidente, estou respeitando os relatores, para que eles também tenham um tempo hábil para a análise e tenhamos algo positivo. Como presidente da Casa, tenho tratado os vereadores com muito diálogo e respeito.
Alô: O senhor é um dos poucos vereadores desta legislatura que foram reeleitos. Como avalia a atual composição da Casa? Ela reflete a mudança que veio das urnas?
Marcelo: Fiquei muito feliz pela reeleição, juntamente com mais três vereadores. A legislatura passada foi uma em que trabalhamos bastante, aprendi muito com vereadores experientes que aqui estiveram e acredito que a resposta da urna foi novamente a renovação. Eu tenho visto de forma muito positiva essa renovação. Ter um gás novo, um ânimo novo, também tem cooperado com esse novo momento da Câmara Municipal. Na verdade, todos nós estamos vivendo um novo momento.
Alô: Há um aumento no número de Requerimentos e Moções, inclusive muitos repetidos, que sequer recebem resposta. O chamado ‘veeródromo’, ranking criado para supostamente medir o desempenho dos vereadores, influenciou nisso? Como o senhor avalia essa situação?
Marcelo: A partir do momento que o vereador começa a repetir algum requerimento, repetir demais uma moção, é algo que eu não vejo como positivo, até porque acaba atrapalhando o processo. As vezes não consigo entender muito bem qual é o objetivo. Particularmente, eu vejo que a população está preocupada com a efetividade e não exatamente com a quantidade. É preciso se perguntar se o que está sendo proposto tem um objetivo, qual é a intenção por trás. Aí fica a pergunta: será que é só para colocar um número a mais dentro do sistema da Câmara? Tenho pedido aos colegas para que a gente possa se concentrar naquilo que realmente é efetivo e produtivo. Tenho certeza que a população está mais atenta nesse sentido do que propriamente no número, mas é claro, que o número acaba refletindo alguma coisa. Fica aí só uma observação e o convite para que a própria população possa ir ao site verificar o contexto das proposições de cada um dos vereadores.
Alô: Esta semana foi muito falado que o senhor é contra a realização do Carnaval em 2022. O que o senhor pensa sobre isso?
Marcelo: Na verdade, no penúltimo sábado à tarde, resolvi gravar um vídeo expressando algo pessoal, mais a nível nacional do que local. Como eu disse, na legislatura passada e nós estávamos no olho do furacão, foi algo que trouxe um trauma muito grande para todos nós. Perdemos dois colegas da legislatura passada para o Covid-19. Eu fiz uma pequena reflexão de como foi 2020. Precisamos aprender também com os próprios erros. Eu tenho certeza, como ressaltei no começo desta entrevista, fiz aqui um elogio à condução dos trabalhos da Secretaria de Saúde e, registrando mais uma vez, os meus elogios como cidadão e representante da população. Sinceramente, não imaginava que o desabafo poderia tomar uma repercussão tão grande, mas eu tenho certeza que a administração, juntamente com Prefeito Sérgio Azevedo, o secretário Doutor Carlos Mosconi e a secretária-adjunta Rose, vão ter mais uma responsabilidade muito grande antes de tomarem essa decisão.
Eu tenho uma opinião de que, neste momento, a preocupação deve ser com a saúde da população. Muitos comparam o Carnaval ao Natal. Eu acho que é diferente, assim como é diferente para o setor econômico, onde vi algumas críticas. Quero deixar uma pergunta: adianta ter uma abertura muito grande em quatro ou cinco dias e depois corrermos o risco de comprometer todo o trabalho que está sendo bem feito, bem realizado, trazendo de repente prejuízos maiores para o próprio setor econômico e ao turismo? Deixo esse alerta, talvez num tom um pouco diferente do que eu tenho costume, em tom de desabafo.
Alô: Qual avaliação o senhor faz da gestão do Prefeito Sérgio Azevedo?
Marcelo: Eu pude acompanhar desde 2017, onde nós tivemos aí o governo estadual de fato trazendo uma grande dificuldade para administração pública. Só para área da saúde foram deixados de fazer repasses em torno de R$ 80 milhões, se não me falho a memória, então foi algo muito difícil. As coisas começaram a se constituir em 2020, aí veio a pandemia. Acho que foram quatro anos muito difíceis e, dentro das possibilidades, o Sérgio conseguiu realizar um bom trabalho junto com a administração pública e, é claro, falhas existem, óbvio que existem. Algumas melhorias em determinados setores deixaram de ser feitas também, acho que nós precisamos aqui fazer essa essa crítica e essa autocrítica. Porque se nós estamos na administração também temos que colocar essa parcela de contribuição. Durante a pandemia, a população também colaborou na condução da crise, foi um fator muito positivo para a própria administração e para a reeleição do Sérgio que, na minha avaliação, foi e está sendo uma administração positiva, apesar de todos os desafios.
“O que eu posso dizer é que, hoje, o PSC, o partido que estou, gostaria de ter o meu nome como candidato e eu me coloco à disposição do grupo que eu faço parte também. Acredito que faço parte de um grupo político e que precisamos estar à disposição para conseguir eleger representantes da cidade. Espero poder contar também com apoio desse nosso grupo”.
Alô: O senhor pensa em uma possível candidatura a deputado?
Marcelo: Poços está perdendo muito com a falta de um deputado estadual e federal. Quando eu falo estadual, sempre gosto de falar que nós temos o deputado Mauro Tramonte (Republicanos), que tem ajudado a nossa cidade, mas o Tramonte tem um compromisso com todo o estado, foi o deputado mais votado da história de Minas Gerais, tendo uma responsabilidade com os 853 municípios de Minas, então é uma carga muito grande. Poços de Caldas hoje tem condição, apesar de saber todas as dificuldades, de eleger um deputado estadual e um federal, lembrando que, no passado, já chegamos a ter dois estaduais e dois federais, o que faz muita diferença na administração pública.
Com relação ao meu nome, fico feliz em saber que a gente tem sido citado para essa possível candidatura. O que eu posso dizer é que, hoje, o PSC, o partido que estou, gostaria de ter o meu nome como candidato e eu me coloco à disposição do grupo que eu faço parte também. Acredito que faço parte de um grupo político e que precisamos estar à disposição para conseguir eleger representantes da cidade. Espero poder contar também com apoio desse nosso grupo. Temos aí outros nomes também, com pessoas boas, pessoas com potenciais. Precisa ser tomada uma decisão e teremos, claro, muitos candidatos, aqueles que tiverem o apoio da administração pública terão uma grande vantagem. Meu nome está à disposição, claro que essa decisão final ainda não foi tomada, mas nós vamos trabalhar e lutar para que a gente possa concluir essa candidatura.
Alô: Esse grupo seria o do prefeito Sérgio Azevedo ou não necessariamente?
Marcelo: O PSC foi um partido que compôs a chapa com o prefeito Sérgio. Junto com o PSDB e o DEM, em 2020, nós fomos convidados por alguns grupos políticos e acabamos aceitando o convite do então candidato à reeleição que saiu vitorioso. Hoje, mesmo estando presidente da Câmara, eu sempre falo nas minhas falas, isso inclusive publicamente, somos Poderes independentes e dentro dessa nossa função, a Câmara sempre vai cobrar a administração, o prefeito, naquilo que eu entendo que não está sendo bem feito, porque essa é uma atribuição da Câmara Municipal e enquanto Presidente, estou representando os 15 vereadores. Tenho falado muito dessa harmonia, que é importante e o exemplo que eu tenho visto, pegando a experiência da última legislatura, é que essa harmonia é respeitosa, um modo de avançar com as pautas de interesse da população. Quando isso acontece de forma objetiva é a população quem ganha. O PSC esteve com o grupo, estamos caminhando juntos e espero contar com o apoio do grupo para que possamos juntos sair nessa candidatura.