Algumas pessoas recuperadas da Covid-19 apresentam maior dificuldade para transportar o oxigênio dos pulmões para a corrente sanguínea
Do portal Metrópoles –
Mesmo depois de se recuperar da infecção do coronavírus, alguns pacientes continuam a se queixar de falta de ar. O sintoma relativo à Covid longa pode estar relacionado a complicações pulmonares ocultas, difíceis de serem identificadas em exames de rotina, segundo mostram as primeiras evidências de um estudo realizado no Reino Unido.
Um grupo de pesquisadores das universidades de Oxford, Birmingham, Cardiff e Manchester desenvolveu um novo método de exame de varredura pulmonar com gás xenônio para detectar anormalidades que não são visíveis em exames de rotina convencionais.
Eles analisaram os resultados de exames de imagem e testes de função pulmonar de 36 voluntários divididos em três grupos. O primeiro continha 11 pessoas que se recuperaram da Covid-19 sem a necessidade de cuidados hospitalares, mas se queixavam de falta de ar após a doença.
O segundo era composto por 12 voluntários que foram hospitalizados durante a infecção, mas não relataram falta de ar após se livrarem do vírus. O último grupo, por sua vez, foi formado com 13 pessoas saudáveis para comparação dos resultados.
Os voluntários tiveram que inalar o gás xenônio enquanto passavam pelo exame de ressonância magnética. O composto foi escolhido por ser facilmente detectável em exames de imagem, mostrando para os médicos como outros gases, como o oxigênio, são transportados no organismo.
As imagens dos pulmões dos pacientes com a infecção (imagem em destaque, à direita) mostraram áreas mais escuras que podem representar anormalidades pulmonares. As pessoas com Covid longa e as que foram internadas durante a doença tiveram maior dificuldade de transportar o gás dos pulmões para a corrente sanguínea. A descoberta é um indício que explica por que a falta de ar é tão comum nesses pacientes.
Agora, eles querem entender porque o problema acontece apenas em algumas pessoas, e as consequências dessas lesões a longo prazo. “Assim que entendermos os mecanismos que levam a esses sintomas, poderemos desenvolver tratamentos mais eficazes”, disse o radiologista e coautor da pesquisa, Fergus Gleeson.
Os achados do estudo piloto foram publicados no formato de pré-print na plataforma Science Media Centre, ou seja, ainda precisam ser revisados por outros cientistas para, então, serem publicados em revista científica.