A maioria das internações por Covid-19 atualmente são de pessoas não vacinadas ou com doses em atraso. Apesar disso, pesquisadores da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), no interior de São Paulo, já apontam que, além de diminuir a chance de a doença evoluir para casos graves em pessoas saudáveis, a vacina também faz diferença na diminuição do risco de internação e mortes em pacientes com várias comorbidades.
O estudo divulgado no Journal of Infection, do Grupo Elsevier, mostra que pacientes com diabetes e problemas no coração, por exemplo, tiveram o risco de internação e mortes reduzidos com a vacina. Além disso, pessoas com, problemas de coração, fígado, neurológicos, diabetes ou comprometimento imunológico têm risco maior de internação por coronavírus apenas se não vacinados.
O estudo da equipe do Laboratório de Pesquisas em Virologia da Famerp, mostram que, entre as pessoas vacinadas, apenas aqueles com mais de 60 anos e algum tipo de doença renal permanecem como grupo de risco caso tenham Covid-19. Assim, o estudo conclui que a vacinação diminui o impacto das comorbidades em termos de internação e mortes.
“Hoje, com a volta das cirurgias eletivas, o avanço da vacinação e a emergência da ômicron, temos visto um panorama diferente nos hospitais. Muitos pacientes são internados para fazer uma cirurgia agendada ou por trauma e acabam descobrindo que estão com Covid-19, ou seja, não é o vírus que leva a pessoa ao hospital”, pontua Cássia Fernanda Estofolete, primeira autora do estudo.
“Também há muitos idosos com comorbidades que acabam sendo internados porque a Covid-19 exacerba a doença de base – descompensa o diabetes ou a insuficiência renal, por exemplo. A maioria já não é internada por SRAG [Síndrome Respiratória Aguda Grave], como era na época em que o estudo foi feito”, complementa.
Etapas da pesquisa
Para chegar aos dados finais, os pesquisadores analisaram 2.777 pacientes que foram internados com sintomas de Covid entre 5 de janeiro e 12 de setembro de 2021. A partir das informações coletadas, foi possível analisar o impacto da vacinação nos pacientes internados com a doença.
Durante o período da pesquisa, 91% dos pacientes (2.518) ainda não haviam sido vacinados contra Covid-19 no momento em que foram internados, sendo 51 anos a média de idade. Além disso, 71,5% apresentavam uma ou mais comorbidades – sendo as mais comuns cardiopatia, diabetes e obesidade.
Vale ressaltar que na época da coleta de dados, a campanha de vacinação ainda não havia chegado a todas as faixas etárias – apenas cerca de 34% da população brasileira estava imunizada – e a variante dominante era a Delta. Já entre os 259 hospitalizados que haviam recebido duas doses de vacina, a idade média era de 73 anos e 95% tinham doenças de base.
Ao separar os grupos de pacientes em vacinados e não vacinados, os pesquisadores da Famerp compararam as características de cada grupo e o desfecho da internação. Para os pacientes vacinados, apenas aqueles com 60 anos ou mais que possuíam doença renal permaneceram no grupo de risco.
Já para os não vacinados, além da doença renal, possuir cardiopatias, distúrbios no fígado ou neurológicos, diabetes e comprometimento imunológico também aumentavam o risco da doença. “Essa é uma evidência clara de que a vacina protege muito bem e salva vidas”, afirma Maurício Lacerda Nogueira, professor da Famerp e autor correspondente do estudo.
Fonte: BHAZ