Uma unidade da escola particular Coleguium, no bairro Nova Suiça, em Belo Horizonte, será investigada por suspeita de omissão depois que um funcionário foi preso suspeito de assediar ao menos 13 estudantes. O homem foi preso na manhã desta terça-feira (11).
Em coletiva de imprensa na manhã de hoje, a Polícia Civil forneceu mais detalhes sobre os resultados da investigação. Pais de alunos da escola particular denunciaram uma série de episódios em junho deste ano.
A Vara Especializada de Crianças e Adolescentes deferiu o mandado de prisão, quando o suspeito prestou depoimentos controversos.
Homem simulava brincadeiras
Segundo o delegado Vinícius Dias, o funcionário usava de “brincadeiras lúdicas” para apalpar e assediar os alunos. “O cachorrão vai te pegar” e “a fada madrinha vai passar a vara no seu cabelo” eram algumas das falas do homem.
“A partir daí, ele apalpava partes íntimas daquelas vítimas, podia ser um toque no seio, na parte genital e até aproximação da parte genital [dele] próximo ao rosto dessas vítimas”, explica.
O chefe de polícia destaca que a mesa do suspeito ficava de frente para os banheiros masculino e feminino da escola. A primeira denúncia partiu de alunas com idades entre 6 e 8 anos.
“Essas duas meninas, saindo do banheiro, estavam conversando e tinha outras duas meninas. Ele brincou falando que, por elas estarem conversando muito, que era pra começarem a namorar. O que elas achavam de começar a namorar”, narra.
‘Achou que comportamento era adequado’
Durante os depoimentos, o educador teria negado que o comportamento foi inadequado. Segundo o delegado Vinícius Dias, ele já trabalhou em outras instituições de ensino, tanto de graduação quanto de ensino médio. Além disso, não tinha antecedentes criminais.
“Ele tem uma capacidade de verbalização muito boa, isso eu percebi no depoimento dele. Uma capacidade de convencimento muito acentuada. Ele pode ter utilizado isso para ludibriar e fraudar as crianças na prática dos atos de importunação”, acrescenta.
O chefe de polícia responsável pelas investigações explica que a repercussão social do caso é importante porque incentiva que, em outras instituições de ensino, vítimas que tenham sofrido algum tipo de moléstia procurem uma unidade policial.
Rede Coleguium se manifesta
A Rede Coleguium teria demorado a tomar providências para punir o suspeito. Segundo o delegado, apesar de já saber das denúncias, a direção esperou uma notificação e ofício da Polícia Civil para uma demissão permanente.
“Se a gente perceber que os coordenadores e diretores sabiam dos fatos e foram omissos no afastamento do funcionário, eles podem responder também pelos crimes de importunação na modalidade culposa em virtude da omissão ser penalmente relevante nesse tipo de delito”, finaliza.
Por meio de nota ao BHAZ, a assessoria de imprensa da Coleguium alega que a direção “sempre esteve à disposição das autoridades policiais para colaborar com as investigações” e que, ao receber a primeira denúncia, em 22 de junho, afastou o então funcionário (leia na íntegra abaixo).
O homem ingressou na escola em maio deste ano e, a partir do final de junho, as denúncias começaram a surgir.
Nota da Coleguium na íntegra
“A direção da unidade Nova Suíça da Rede Coleguium informa que sempre esteve à disposição das autoridades policiais para colaborar com as investigações e reafirma que, ao receber a primeira denúncia, em 22 de junho, em poucas horas afastou o então colaborador, que atuava na unidade havia menos de três meses.
A gestão manteve, desde o primeiro momento, diálogo transparente com as famílias por meio de atendimento em grupo ou individual. Uma equipe de psicólogos especializados elaborou ações direcionadas aos colaboradores, professores e alunos. O atendimento psicológico da unidade e as atividades acadêmicas sobre o tema também foram reforçados.
A Rede Coleguium é uma instituição tradicional, que atua há 35 anos com seriedade e comprometida em oferecer educação de excelência, segurança e conforto aos alunos e seus familiares. A rede declara que a situação é extremamente sensível e está, juntamente com as famílias, trabalhando intensamente para superar esse desafio.”