A manutenção do automóvel é fundamental para você atingir essa meta; também vale a pena rever alguns hábitos ao volante
Com os preços dos combustíveis nas alturas, especialmente os da gasolina, que encareceu bastante após a invasão da Ucrânia pela Rússia, economia se tornou palavra de ordem. Para gastar menos com cada abastecimento sem reduzir o uso do veículo nem trocá-lo por outro mais eficiente, não tem jeito: a saída é buscar formas de reduzir o consumo do carro que você já tem.
Manter em dia a manutenção do automóvel é fundamental para você atingir essa meta; também vale a pena rever alguns hábitos ao volante. Mesmo seguindo essas premissas, existem alguns vilôes nada óbvios que fazem o carro beber mais e a maioria das pessoas não se dá conta. Selecionamos cinco deles.
1 – Pancadão beberrão
Incrementar o automóvel com acessórios não originais, especialmente sistemas de som potentes, é uma prática tão popular que movimenta um enorme mercado de fabricantes, distribuidores e lojistas. Muitos não percebem, porém, que a instalação desses itens faz com que o carro beba mais.
“Equipamentos de som potentes exigem mais do alternador, que os abastece com eletricidade a partir do movimento do motor. Quando mais energia é requerida, mais combustível é gasto”, alerta Everton Lopes, mentor de tecnologia e inovação em energia a combustão da SAE Brasil. Dependendo da potência do som e de outros itens “genéricos” eventualmente instalados, os problemas não ficam restritos ao consumo maior.
Os novos equipamentos podem danificar ou encurtar a vida útil de uma série de componentes, caso não haja uma adequação do sistema elétrico, informa Erwin Franieck, mentor de tecnologia e inovação em engenharia avançada da SAE Brasil. Segundo Franieck, o efeito mais óbvio é a redução da vida útil da bateria, que passa a reter cada vez menos carga e pode “arriar”.
Contudo, antes de a bateria pifar de vez, há outras consequências. “Ao reter menos carga, a bateria fornece menos tensão e sobrecarrega o alternador e a respectiva correia. Também ocorre maior variação de tensão no sistema. Isso eleva a incidência de pane elétrica, acompanhada por danos a uma série de componentes”, alerta Franieck.
De acordo com o engenheiro, peças como lâmpadas, ventoinha, motor de arranque e o próprio alternador podem ter a durabilidade seriamente comprometida.
2 – Abusar do freio faz o carro beber mais
Engana-se quem pensa que o acelerador é o único pedal capaz de aumentar o consumo de um veículo. O pedal do freio também pode fazer com que a quantidade de quilômetros rodados a cada litro de combustível caia consideravelmente. “Frear bruscamente depois exige acelerar mais, sem necessidade, para tirar o veículo da inércia. Isso eleva e muito o consumo”, ensina Everton Lopes.
Segundo o engenheiro, dirigir de forma suave, antecipando as frenagens, é a forma indicada para quem deseja gastar menos dinheiro com abastecimentos – e nada de “esticar” as marchas. Vale destacar que o estilo agressivo de condução também cobra seu preço ao acelerar o desgaste do motor e também dos freios, da suspensão e até dos pneus.
3 – Tanque cheio, bolso vazio
Nestes tempos de combustível caro, quando aparece um posto com preços mais em conta dá aquela vontade de encher o tanque. Afinal, ninguém garante que na semana seguinte não haverá um reajuste, De fato, a tática faz todo o sentido. Mas não se afobe: preço muito baixo pode sinalizar adulteração no combustível – que, no caso da gasolina, envolve adição de solventes ou de etanol.
Nos dois casos, o consumo sobe – sem contar que solventes causam sérios danos ao motor e a outros itens mecânicos. Ainda que o combustível não seja “batizado”, quanto mais cheio estiver o tanque, mais peso terá o automóvel – e isso eleva o consumo. Segundo Lopes, a cada 100 kg, o gasto aumenta cerca de 6%.
Para completar, ele recomenda nunca encher o tanque até quase transbordar. “Encher o tanque até o bocal danifica o cânister, que é filtro com carvão ativado responsável por reter os gases provenientes da evaporação do combustível. Esse filtro, geralmente localizado próximo ao tanque, é encharcado, perdendo toda sua eficiência”.
De acordo com o engenheiro, os vapores que emanam do tanque são altamente tóxicos e poluentes – daí a importância de manter o cânister em bom estado. A orientação dele é interromper o abastecimento assim que gatilho for desarmado – o que proporciona nível adequado e seguro.
4 – Rodar muito pouco pode virar tiro no pé
Como dissemos no início deste texto, uma alternativa óbvia para gastar menos no posto é reduzir o uso do carro. Contudo, rodar muito pouco a cada dia deixa o veículo mais gastão. Isso acontece porque o propulsor precisa atingir a temperatura ideal de funcionamento para o calor expandir os componentes internos e, assim, garantir sua correta lubrificação.
Usar o carro continuamente em deslocamentos muito curtos, insuficientes para se atingir a temperatura correta, também acelera o desgaste do propulsor. “Dirigir durante menos de 15 minutos nem esquenta o óleo do motor, impossibilitando a lubrificação adequada. Tem carro com baixa quilometragem que apresenta mais desgaste na comparação com um exemplar mais rodado, que no entanto funciona a maior parte do tempo na temperatura ideal”, ensina Erwin Franieck.
5 – Nada de motor asfixiado
Geralmente, nem precisa pedir: a cada troca de óleo, o responsável já providencia a substituição do respectivo filtro, seguindo o que determinam as montadoras e o manual do proprietário. Contudo, quando se trata dos filtros de admissão de ar e de combustível, muitos se esquecem que eles também devem ser trocados regularmente. Esse esquecimento tem impacto direto no consumo de combustível.
“O motor se torna mais eficiente, ou seja, apresenta menor consumo, quando respira bem. Isso envolve diretamente os filtros, que ficam saturados com o passar do tempo”, destaca Everton Lopes. Filtro de admissão sujo, por exemplo, restringe a entrada de ar no motor e mais combustível é injetado para compensar o problema. No caso do filtro de combustível, sua saturação faz o motor falhar, levando o motorista a pisar mais no acelerador.
A orientação não poderia ser diferente: troque os filtros nos prazos ou nas quilometragens recomendadas pela montadora.
*informações portal uol/carros