Arsenal de armas nucleares do mundo devem aumentar na próxima década pela primeira vez desde a Guerra Fria
O arsenal nuclear do mundo deve aumentar na próxima década pela primeira vez desde a Guerra Fria, aponta a publicação anual do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI, em inglês). Projeção vai na contramão do processo de desmontagem de bombas atômicas que ocorre no mundo até então.
O professor do curso de relações internacionais da Facamp, James Onnig, acredita que enfrentamos uma ameaça nuclear: “Os países com arsenal nuclear estão expostos a acidentes com consequências catastróficas. Infelizmente, isso faz com que exista uma ameaça muito perigosa que pode desencadear uma desconfiança geral da humanidade, com o descrédito de organismos do sistema internacional, o que traria muitas consequências.”
O especialista aponta que a produção sistemática de artefatos nucleares pela Coreia do Norte, assim como a não promoção visível da diminuição de ogivas por parte dos Estados Unidos e da Rússia, incentivam o aumento da presença desse tipo de armamento no mundo. Os dois países juntos possuem mais de 90% de todo o arsenal desse tipo de armamento no mundo, de acordo com o SIPRI.
O Instituto aponta ainda que os nove países com poder nuclear (Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte) continuam a modernizar suas bombas.
“Do estoque total estimado de 12.705 ogivas no início de 2022, cerca de 9.440 estavam em estoques militares para uso potencial. Dessas, estima-se que 3.732 foram implantadas em mísseis e aeronaves, e por volta de 2.000 – quase todas pertencentes à Rússia ou aos EUA – foram mantidas em estado de alerta operacional alto”, aponta o SIPRI.
Forças Nucleares Mundiais – Janeiro de 2022
Rússia
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou que o Exército do país colocasse as forças nucleares em alerta no quarto dia da invasão militar na Ucrânia, que teve início em 24 de fevereiro. O anúncio preocupou o mundo diante da ameaça de uma guerra nuclear. “Putin deu essa declaração para impedir a interferência de algum país em sua ofensiva”, explica Onnig.
“Desde que o Ocidente não entre no conflito, acho que essa ameaça está afastada. Entretanto, as sanções e os bloqueios contra a Rússia podem instigar uma grande potência a dar respostas terríveis”, pondera.
O movimento estratégico do líder russo fez com que vários países concentrassem suas atenções para a reconstrução de um arsenal preventivo.
Onnig ainda aponta para a possibilidade do uso de armas nucleares táticas, que não têm o objetivo de destruir grandes áreas, mas sim causar algum dano que paralise o inimigo, como o ataque a uma região estratégica.
Coreia do Norte
Na última segunda-feira (13), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que o país irá responder “rapidamente” se a Coreia do Norte realizar testes nucleares. Só neste ano, os norte-coreanos fizeram um número recorde de testes de mísseis, com 18 exercícios em 23 semanas.
“A Coreia do Norte usa seu arsenal nuclear para proteger seu regime comunista, para garantir que não existam intervenções estrangeiras. Enquanto os EUA têm o compromisso de proteger a região asiática, os norte-coreanos já desenvolveram mísseis de longo alcance, o que coloca em risco o papel americano”, conclui Onnig.
*informações R7