Do Portal Metrópoles – O Ministério da Saúde enfrenta dificuldades para bater a meta de vacinação contra a gripe em 2021. Mesmo com a campanha que começou em abril tendo sido ampliada em dois meses e aberta para a população em geral, o público-alvo alcançado até agora é de 78,8%, porcentagem menor do que nos últimos anos.
Em 2020, a imunização contra a influenza alcançou 96% do público-alvo, que inclui crianças, gestantes, puérperas, idosos, indígenas e trabalhadores da saúde. Em 2019, o órgão registrou 91% da meta.
Análise
Para a professora Anamelia Bocca, que coordena o Laboratório de Imunologia Celular no Instituto de Biologia da UnB, a concorrência com a vacinação contra a Covid e a influência do movimento antivacinação podem estar atrapalhando a campanha de imunização contra a gripe. Segundo a docente, o Brasil “sempre aderiu muito bem às campanhas de vacinação. Sempre com índice elevado por parte de gestantes, crianças, idosos, professores e pessoas que trabalham em local com uma maior circulação”.
Por outro lado, Anamelia avalia que “toda essa campanha antivacina fez impactar não só a vacinação da Covid-19 mas também a da gripe”. De acordo com a professora da UnB, “houve um impacto geral no processo de vacinação. Por esse ruído, as pessoas não podiam se posicionar contra a vacina da Covid e favorecer a da gripe”.
Outro ponto listado pela especialista para justificar a baixa adesão à vacina da gripe foi o home office: “Principalmente por parte dos professores, dando aula de casa, sem aquele contato com as crianças, e o próprio isolamento fez com que não saíssem de casa”.
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Anamelia Bocca diz ter percebido que a campanha de vacinação “não chegou tanto no público-alvo. A gente não vê tanta divulgação, principalmente nos veículos de informação. Na TV, a gente tinha um apelo bem significativo, principalmente com o Zé Gotinha“.
O Ministério da Saúde informa que investiu R$ 20 milhões em publicidade em 2019. No ano passado, foram R$ 16 milhões, e em 2021, R$ 18 milhões.
A vacina da influenza (gripe), administrada anualmente em idosos e grupos prioritários, previne de gripes de cepas, como a H1N1. A vacina tem eficácia média entre 60% e 70%.
Vacina contra a Covid
O imunizante contra influenza deve ser tomado no mínimo 14 dias antes ou após a vacinação contra a Covid-19. Em nota, o Ministério da Saúde frisou que uma proteção não substitui a outra, e ressaltou a importância da procura por ambos os imunizantes. “Quem tomar a vacina contra a gripe não ficará imune contra o novo coronavírus”, reforçou a pasta.
A expectativa
Inicialmente, o objetivo era dividir a campanha da gripe em três etapas, com data final em julho, mas não foi isso o que aconteceu. A decisão de ampliar o prazo foi tomada pelos órgãos de saúde pública a fim de imunizar mais pessoas e não gerar aglomerações no momento de receber a vacina.