Estudo americano mostra que, apesar de se excederem durante discussões, pessoas acreditam que tudo está resolvido quando não está.
Uma pesquisa feita pela Universidade de Rutgers, nos Estados Unidos, mostra que pessoas que usam maconha têm dificuldade para entender exatamente como está o status do próprio relacionamento amoroso e percebem menos os próprios comportamentos tóxicos.
O estudo foi publicado essa semana na revista científica Drug and Alcohol Dependence, e é um dos primeiros a tentar entender como é a dinâmica do relacionamento quando uma parte ou as duas usam a droga.
Participaram do levantamento 145 casais. Todos responderam com que frequência usavam maconha (algumas pessoas não usavam a droga) e se estavam satisfeitos com o relacionamento. Depois, cada dupla foi gravada durante uma discussão de 10 minutos sobre um tópico identificado pelos dois como uma fonte de conflito, seguida de 5 minutos de conversa sobre tópicos que concordam.
Os cientistas mediram a frequência cardíaca e a respiração do casal durante o experimento, e a interação foi observada por especialistas em comportamento. Dois deles ficaram responsáveis por acompanhar as reações de um dos parceiros, incluindo quando evitam o conflito e o “engajamento negativo” (quando uma das pessoas demanda mudanças, critica ou coloca a culpa no outro).
Outros dois prestaram atenção na capacidade de cada um de sair do conflito, não importa a conclusão, e mudar para um assunto positivo. Depois das conversas, cada pessoa relatou como achou que foi a conversa, e o quão satisfeita estava com a resolução de conflitos.
DRs menos produtivas
Os pesquisadores descobriram que as pessoas que usavam maconha tinham menos capacidade de flexibilizar a resposta ao estresse, criticaram mais, fizeram mais demandas, evitaram conflitos e tiveram mais dificuldade em se reorientar depois da discussão negativa.Paradoxalmente, esses indivíduos disseram estar mais satisfeitos com a resolução do conflito, e não perceberam as próprias demandas ou tentativas de desviar do assunto.
Apesar dos resultados, a pesquisadora afirma que a conclusão não é sobre se o uso de maconha é bom ou ruim para os relacionamentos. A ideia é entender como as partes de um casal podem navegar os conflitos. “Quando você não vê problemas, não pode resolvê-los”, afirma.