Acidente aconteceu em Jaú (SP), quando um carro atingiu fios soltos na rua, que ricochetearam e atingiram os bebês no rosto. Polícia investiga o caso.
A mãe dos gêmeos de 1 ano e 6 meses que ficaram feridos depois de serem atingidos no rosto por fios soltos em uma rua de Jaú (SP) falou ao g1 sobre o desespero vivido no momento do acidente e admite que chegou a “pensar no pior”.
O acidente aconteceu na tarde da última quinta-feira (18) quando a atendente de telemarketing Sandy Nayara da Silva Cella, de 25 anos, mãe dos bebês, voltava com os filhos após pegá-los em uma creche.
Já perto de casa, quando esperava para atravessar a rua, um carro “atropelou” os fios soltos na rua, que estouraram e acabaram ricocheteando e atingindo o rosto dos dois bebês, que ficaram com ferimentos profundos.
“Só lembro do barulho dos fios estourando, do estralo, e pegando na região do pescoço de um dos meninos e no rosto do outro. Primeiro pensei num choque elétrico, depois vi sangue pelo corte provocado em um deles. Se fosse mais profundo, pegaria a jugular. Pensei mil e uma coisas e até que perderia os dois”, diz Sandy Nayara.
Na sequência, a atendente lembra que tirou os dois filhos do carrinho onde estavam e começou a gritar por socorro, até que um morador da região levou a mãe e os gêmeos para atendimento na Santa Casa.
Ao g1, Sandy Nayara disse nesta segunda-feira (22) que os filhos se recuperam bem dos ferimentos e já brincam como se nada tivesse acontecido. Segundo ela, mesmo o bebê que precisou de um ponto cirúrgico para fechar o corte no rosto já praticamente não reclama.
Apesar da boa recuperação dos filhos, a atendente explica que eles, aparentemente, ficaram com alguns traumas pelo acidente sofrido.
Segundo Sandy Nayara, desde o dia do acidente, as crianças, que até então dormiam bem, não tiveram mais nenhuma noite tranquila.
“De dia eles estão bem, mas à noite eles acordam várias vezes, um deles quase sempre com um choro de desespero, e ambos com noites muito mal dormidas. Acredito que eles ficaram com algum trauma provocado pela violência do acidente”, diz a mãe.
Relembre o caso
No boletim de ocorrência, a atendente informou que não conseguiu anotar detalhes do veículo que atingiu os fios e que também não sabia dizer qual tipo de fiação estava solta no chão, se era de energia elétrica ou de serviços como telefonia ou TV a cabo.
Sandy também contou à reportagem que a Polícia Civil vai investigar o caso e que foi chamada para ir na delegacia nesta terça-feira (23) para agendar exame de corpo de delito nos bebês no Instituto Médico Legal (IML).
A mãe também disse que voltou ao local do acidente no dia seguinte e registrou que a fiação continuava no local. As fotos mostram que uma parte dos fios estava enrolada perto de um muro e a outra emaranhada em torno de um poste. (Veja abaixo).
Segundo Sandy Nayara, a família pretende exigir responsabilização dos órgãos ou empresas que administram a fiação que causou o acidente, tanto na esfera criminal como na civil.
“Nosso advogado já está cuidando disso [ação na Justiça]. Sabemos que nada vai pagar o susto pelo qual passamos e os eventuais traumas dos bebês, mas alguém precisa ser responsabilizado por essa situação que poderia ter terminado em tragédia”, diz a atendente.
O g1 questionou a concessionária de energia elétrica que atende a cidade sobre o acidente. Em nota, a CPFL Paulista lamentou o ocorrido e informou que os fios já foram retirados do local.
A companhia explicou que a cessão de espaço nos postes para compartilhamento com as operadoras de telecomunicação é uma obrigação da distribuidora, mas que a responsabilidade pela manutenção de toda a infraestrutura de telecomunicação, incluindo cabos, é exclusiva da empresa de telecomunicação ocupante, que deve manter os cabos dentro dos padrões.
Por isso, a CPFL informou que notificou as empresas responsáveis pela fiação no local do acidente e que “os cabos de energia, estes de responsabilidade da CPFL Paulista, respeitam a NBR 15214/2005, ficando instalados acima do cabeamento de telecomunicação e jamais enrolados ou pendurados nos postes”.