Preta Lagbara relatou que recebeu mensagens com ataques racistas nas redes; dias após a denúncia, ela ainda não sabe quem foi o tatuado
A microempresária Daniele de Oliveira Catanhede, conhecida como Preta Lagbara, desabafou nas redes sociais sobre uma onda de ataques racistas que tem sofrido desde que denunciou um tatuador por fazer uma tatuagem do filho dela, de 4 anos, em um desconhecido, sem autorização.
Segundo a mãe, as mensagens foram enviadas via inbox por seguidores do profissional Neto Coutinho. A fotografia do pequeno Ayo foi parar em um concurso de tatuagem, após ter sido reproduzida no braço de uma pessoa branca, que ela sequer sabe a identidade.
“Teve ofensa contra mim, sofri racismo, racismo religioso e ameaça contra o Ronald”, relatou.
“Vou na delegacia e vou expor as fotos e os nomes de todos os familiares do netocoutinhotatoo que estão vindo ao meu direct, tentar tirar o resto de sanidade que me resta, tentando me desestabilizar, que inclusive são perfis públicos. Também vou expor os seguidores do netocoutinhotatoo que estão praticando crimes de racismo contra mim e contra a minha religião”.
Na próxima terça-feira (13), Ayo completa 5 anos e Preta lamenta que ainda não ter conseguido identificar quem foi o tatuado, e não ter tido retorno sobre a remoção da imagem. A mãe da criança disse que se sente “exausta, abalada psicologicamente e fisicamente”.
“11 dias após essa denúncia feita por mim e pelo fotógrafo Ronald e não apareceu o tatuado, o tatuador não resolve a situação da remoção. O rosto do meu filho continua no corpo de um homem estranho. E quem se dizia arrependido, quem pediu desculpas a mim e ao meu filho, segue a vida trabalhando tranquilamente, enquanto estou aqui, sem dormir, sem conseguir produzir na faculdade, sem conseguir gerir minha empresa”.
Prêmio nacional
O tatuador Neto Coutinho conquistou o segundo lugar na categoria Portrait na Competição Tattoo Week, em São Paulo, em outubro, com uma reprodução da imagem de um menino negro sem autorização dos pais da criança e do fotógrafo responsável pela imagem, Ronald Santos Cruz.
A mãe do menino, que mora na Zona Norte do Rio de Janeiro, denunciou o caso nas redes sociais. Ela soube por meio de um internauta que o rosto do filho de apenas 4 anos estava tatuado no corpo de uma pessoa desconhecida.
Tanto Preta quanto o fotógrafo chamaram a atenção para o fato de que a pessoa que recebeu a tatuagem é branca e a criança, negra. “O que choca é o cidadão branco usar de uma criança negra para tatuar em seu corpo, cujo a criança ele nunca avistou em sua vida”, escreveu o fotógrafo, em suas redes sociais.
Desculpas
Após a denúncia, o tatuador publicou uma nota nas redes sociais afirmando que “encaminha seu profundo pedido de desculpas, principalmente aos pais, familiares e à própria criança”.
“Há de se evidenciar que, no caso em apreço, o artista Neto Coutinho pautou a execução da tatuagem sem o nível de informação necessária, reconhecendo o equívoco cometido, mas – sobretudo – sem qualquer intenção de trazer prejuízo para quem quer que seja”, continua.
Por fim, o comunicado diz que “haverá um canal contínuo de diálogo junto aos envolvidos para a minimização de eventuais danos sofridos. ”
Há cerca de uma semana, ele postou um novo posicionamento informando que tem ficado longe das redes sociais e pediu que “nenhuma pessoa ataque ninguém”.
Veja a nota:
*Com informações: Metrópoles